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quarta-feira, 6 de maio de 2009

O Juiz de Paz na Roça, de Martins Pena

Martins Pena

Comédia em 1 ato

PERSONAGENS

JUIZ DE PAZ
ESCRIVÃO DO JUIZ (DE PAZ)
MANUEL JOÃO, lavrador [guarda nacional]
MARIA ROSA, sua mulher
ANINHA, sua filha
JOSÉ [DA FONSECA], amante de Aninha
INÁCIO JOSÉ
JOSÉ DA SILVA
FRANCISCO ANTÔNIO
MANUEL ANDRÉ
SAMPAIO (lavradores)
TOMÁS
JOSEFA [JOAQUINA]
GREGÓRIO
[Negros]

[A cena é na roça.]

ATO ÚNICO

CENA I

Sala com uma porta no fundo. No meio uma mesa, junto à qual estarão cosendo MARIA ROSA e ANINHA.

MARIA ROSA - Teu pai tarda muito.

ANINHA - Ele disse que tinha hoje muito que fazer.

MARIA ROSA - Pobre homem! Mata-se com tanto trabalho! É quase meio-dia e ainda não voltou. Desde as quatro horas da manhã que saiu; está só com uma xícara de café.

ANINHA - Meu pai quando principia um trabalho não gosta de o largar, e minha mãe sabe bem que ele tem só a Agostinho.

MARIA ROSA - É verdade. Os meias-caras agora estão tão caros! Quando havia valongo eram mais baratos.

ANINHA - Meu pai disse que quando desmanchar o mandiocal grande há-de comprar uma negrinha para mim.

MARIA ROSA - Também já me disse.

ANINHA - Minha mãe, já preparou a jacuba para meu pai?

MARIA ROSA - É verdade! De que me ia esquecendo! Vai aí fora e traz dous limões. (ANINHA sai.) Se o MANUEL JOÃO viesse e não achasse a jacuba pronta, tínhamos campanha velha. Do que me tinha esquecido! (Entra ANINHA.)

ANINHA - Aqui estão os limões.

MARIA ROSA - Fica tomando conta aqui, enquanto eu vou lá dentro. (Sai.)

ANINHA, só - Minha mãe já se ia demorando muito. Pensava que já não poderia falar co senhor JOSÉ, que está esperando-me debaixo dos cafezeiros. Mas como minha mãe está lá dentro, e meu pai não entra nesta meia hora, posso fazê-lo entrar aqui. (Chega à porta e acena com o lenço.) Ele aí vem.

CENA II

Entra JOSÉ com calça e jaqueta branca.

JOSÉ - Adeus, minha ANINHA! (Quer abraçá-la.)

ANINHA - Fique quieto. Não gosto destes brinquedos. Eu quero casar-me com o senhor, mas não quero que me abrace antes de nos casarmos. Esta gente quando vai à Corte, vem perdida. Ora diga-me, concluiu a venda do bananal que seu pai lhe deixou?

JOSÉ - Concluí.

ANINHA - Se o senhor agora tem dinheiro, por que não me pede a meu pai?

JOSÉ - Dinheiro? Nem vintém!

ANINHA - Nem vintém! Então o que fez do dinheiro? É assim que me ama? (Chora.)

JOSÉ - Minha ANINHA, não chores. Oh, se tu soubesses como é bonita a Corte! Tenho um projeto que te quero dizer.

ANINHA - Qual é?

JOSÉ - Você sabe que eu agora estou pobre como Jó, e então tenho pensado em uma cousa. Nós nos casaremos na freguesia, sem que teu pai o saiba; depois partiremos para a Corte e lá viveremos.

ANINHA - Mas como? Sem dinheiro?

JOSÉ - Não te dê isso cuidado: assentarei praça nos Permanentes.

ANINHA - E minha mãe?

JOSÉ - Que fique raspando mandioca, que é ofício leve. Vamos para a Corte, que você verá o que é bom.

ANINHA - Mas então o que é que há lá tão bonito?

JOSÉ - Eu te digo. Há três teatros, e um deles maior que o engenho do capitão-mor.

ANINHA - Oh, como é grande!

JOSÉ - Representa-se todas as noites. Pois uma mágica... Oh, isto é cousa grande!

ANINHA - O que é mágica?

JOSÉ - Mágica é uma peça de muito maquinismo.

ANINHA - Maquinismo?

JOSÉ - Sim, maquinismo. Eu te explico. Uma árvore se vira em uma barraca; paus viram-se em cobras, e um homem vira-se em macaco.

ANINHA - Em macaco! Coitado do homem!

JOSÉ - Mas não é de verdade.

ANINHA - Ah, como deve ser bonito! E tem rabo?

JOSÉ - Tem rabo, tem.

ANINHA - Oh, homem!

JOSÉ - Pois o curro dos cavalinhos! Isto é que é cousa grande! Há uns cavalos tão bem ensinados, que dançam, fazem mesuras, saltam, falam, etc. Porém o que mais me espantou foi ver um homem andar em pé em cima do cavalo.

ANINHA - Em pé? E não cai?

JOSÉ - Não. Outros fingem-se bêbados, jogam os socos, fazem exercício - e tudo isto sem caírem. E há um macaco chamado o macaco major, que é coisa de espantar.

ANINHA - Há muitos macacos lá?

JOSÉ - Há, e macacas também.

ANINHA - Que vontade tenho eu de ver todas estas cousas!

JOSÉ - Além disto há outros muitos divertimentos. Na Rua do Ouvidor há um cosmorama, na Rua de São Francisco de Paula outro, e no Largo uma casa aonde se vêem muitos bichos cheios, muitas conchas, cabritos com duas cabeças, porcos com cinco pernas, etc.

ANINHA ? Quando é que você pretende casar-se comigo?

JOSÉ - O vigário está pronto para qualquer hora.

ANINHA - Então, amanhã de manhã.

JOSÉ - Pois sim. (Cantam dentro.)

ANINHA - Aí vem meu pai! Vai-te embora antes que ele te veja.

JOSÉ - Adeus, até amanhã de manhã.

ANINHA - Olhe lá, não falte! (Sai JOSÉ.)

CENA III

ANINHA, só - Como é bonita a Corte! Lá é que a gente se pode divertir, e não aqui, aonde não se ouve senão os sapos e as entanhas cantarem. Teatros, mágicos, cavalos que dançam, cabeças com dous cabritos, macaco major... Quanta cousa! Quero ir para a Corte!

CENA IV

Entra MANUEL JOÃO com uma enxada no ombro, vestido de calças de ganga azul, com uma das pernas arregaçada, japona de baeta azul e descalço. Acompanha-o um negro com um cesto na cabeça e uma enxada no ombro, vestido de camisa e calça de algodão.

ANINHA - Abença, meu pai.

MANUEL JOÃO - Adeus, rapariga. Aonde está tua mãe?

ANINHA - Está lá dentro preparando a jacuba.

MANUEL JOÃO - Vai dizer que traga, pois estou com muito calor. (ANINHA sai. M. JOÃO, para o negro:) Olá, Agostinho, leva estas enxadas lá para dentro e vai botar este café no sol. (O preto sai. MANUEL JOÃO senta-se.) Estou que não posso comigo; tenho trabalhado como um burro!

CENA V

Entra MARIA ROSA com uma tigela na mão, e ANINHA a acompanha.

MANUEL JOÃO - Adeus, senhora MARIA ROSA.

MARIA ROSA - Adeus, meu amigo. Estás muito cansado?

MANUEL JOÃO - Muito. Dá-me cá isso?

MARIA ROSA - Pensando que você viria muito cansado, fiz a tigela cheia.

MANUEL JOÃO - Obrigado. (Bebendo:) Hoje trabalhei como gente... Limpei o mandiocal, que estava muito sujo... Fiz uma derrubada do lado de FRANCISCO ANTÔNIO... Limpei a vala de Maria do Rosário, que estava muito suja e encharcada, e logo pretendo colher café. ANINHA?

ANINHA - Meu pai?

MANUEL JOÃO - Quando acabares de jantar, pega em um samborá e vai colher o café que está à roda da casa.

ANINHA - Sim senhor.

MANUEL JOÃO - Senhora, a janta está pronta?

MARIA ROSA - Há muito tempo.

MANUEL JOÃO - Pois traga.

MARIA ROSA - ANINHA, vai buscar a janta de teu pai. (ANINHA sai.)

MANUEL JOÃO - Senhora, sabe que mais? É preciso casarmos esta rapariga.

MARIA ROSA - Eu já tenho pensado nisto; mas nós somos pobres, e quem é pobre não casa.

MANUEL JOÃO - Sim senhora, mas uma pessoa já me deu a entender que logo que puder abocar três ou quatro meias-caras destes que se dão, me havia de falar nisso... Com mais vagar trataremos deste negócio. (Entra ANINHA com dous pratos e os deixa em cima da mesa.)

ANINHA - Minha mãe, a carne-seca acabou-se.

MANUEL JOÃO - Já?!

MARIA ROSA - A última vez veio só meia arroba.

MANUEL JOÃO - Carne boa não faz conta, voa. Assentem-se e jantem. (Assentam-se todos e comem com as mãos. O jantar consta de carne-seca, feijão e laranjas.) Não há carne-seca para o negro?

ANINHA - Não senhor.

MANUEL JOÃO - Pois coma laranja com farinha, que não é melhor do que eu. Esta carne está dura como um couro. Irra! Um dia destes eu... Diabo de carne!... hei-de fazer uma plantação... Lá se vão os dentes!... Deviam ter botado esta carne de molho no corgo... que diabo de laranjas tão azedas! (Batem à porta.) Quem é? (Logo que MANUEL JOÃO ouve bater na porta, esconde os pratos na gaveta e lambe os dedos.)

ESCRIVÃO, dentro - Dá licença, Senhor MANUEL JOÃO?

MANUEL JOÃO - Entre quem é.

ESCRIVÃO, entrando - Deus esteja nesta casa.

MARIA ROSA e MANUEL JOÃO - Amém.

ESCRIVÃO - Um criado da Senhora Dona e da Senhora Doninha.

MARIA ROSA e ANINHA - Uma sua criada. (Cumprimentam.)

MANUEL JOÃO - O senhor por aqui a estas horas é novidade.

ESCRIVÃO - Venho da parte do senhor juiz de paz intimá-lo para levar um recruta à cidade.

MANUEL JOÃO - Ó homem, não há mais ninguém que sirva para isto?

ESCRIVÃO - Todos se recusam do mesmo modo, e o serviço no entanto há-de se fazer.

MANUEL JOÃO - Sim, os pobres é que o pagam.

ESCRIVÃO - Meu amigo, isto é falta de patriotismo. Vós bem sabeis que é preciso mandar gente para o Rio Grande; quando não, perdemos esta província.

MANUEL JOÃO - E que me importa eu com isso? Quem as armou que as desarme.

ESCRIVÃO - Mas, meu amigo, os rebeldes têm feito por lá horrores!

MANUEL JOÃO - E que quer o senhor que se lhe faça? Ora é boa!

ESCRIVÃO - Não diga isto, Senhor MANUEL JOÃO, a rebelião...

MANUEL JOÃO, gritando - E que me importa eu com isso?... E o senhor a dar-lhe...

ESCRIVÃO, zangado - O senhor juiz manda dizer-lhe que se não for, irá preso.

MANUEL JOÃO - Pois diga com todos os diabos ao senhor juiz que lá irei.

ESCRIVÃO, à parte - Em boa hora o digas. Apre! custou-me achar um guarda... Às vossas ordens.

MANUEL JOÃO - Um seu criado.

ESCRIVÃO - Sentido nos seus cães.

MANUEL JOÃO - Não mordem.

ESCRIVÃO - Senhora Dona, passe muito bem. (Sai o ESCRIVÃO.)

MANUEL JOÃO - Mulher, arranja esta saia, enquanto me vou fardar. (Sai M. João.)

CENA VI

MARIA ROSA - Pobre homem! Ir à cidade somente para levar um preso! Perder assim um dia de trabalho...

ANINHA - Minha mãe, pra que é que mandam a gente presa para a cidade?

MARIA ROSA - Pra irem à guerra.

ANINHA - Coitados!

MARIA ROSA - Não se dá maior injustiça! Manoel João está todos os dias vestindo a farda. Ora pra levar presos, ora pra dar nos quilombos... É um nunca acabar.

ANINHA - Mas meu pai pra que vai?

MARIA ROSA - Porque o juiz de paz o obriga.

ANINHA - Ora, ele podia ficar em casa; e se o juiz de paz cá viesse buscá-lo, não tinha mais que iscar a Jibóia e a Boca-Negra.

MARIA ROSA - És uma tolinha! E a cadeia ao depois?

ANINHA - Ah, eu não sabia.

CENA VII

Entra MANUEL JOÃO com a mesma calça e jaqueta de chita, tamancos, barretina da Guarda Nacional, cinturão com baioneta e um grande pau na mão.

MANUEL JOÃO, entrando - Estou fardado. Adeus, senhora, até amanhã. (Dá um abraço.)

ANINHA - Abença, meu pai.

MANUEL JOÃO - Adeus, menina.

ANINHA - Como meu pai vai à cidade, não se esqueça dos sapatos franceses que me prometeu.

MANUEL JOÃO - Pois sim.

MARIA ROSA - De caminho compre carne.

MANUEL JOÃO - Sim. Adeus, minha gente, adeus.

MARIA ROSA e ANINHA - Adeus! (Acompanham-no até à porta.)

MANUEL JOÃO, à porta - Não se esqueça de mexer a farinha e de dar que comer às galinhas.

MARIA ROSA - Não. Adeus! (Sai MANUEL JOÃO.)

CENA VIII

MARIA ROSA - Menina, ajuda-me a levar estes pratos para dentro. São horas de tu ires colher o café e de eu ir mexer a farinha... Vamos.

ANINHA - Vamos, minha mãe. (Andando:) Tomara que meu pai não se esqueça dos meus sapatos... (Saem.)

CENA IX

Sala em casa do juiz de paz. Mesa no meio com papéis; cadeiras. Entra o juiz de paz vestido de calça branca, rodaque de riscado, chinelas verdes e sem gravata.

JUIZ - Vamo-nos preparando para dar audiência. (Arranja os papéis.) O escrivão já tarda; sem dúvida está na venda do Manuel do Coqueiro... O último recruta que se fez já vai-me fazendo peso. Nada, não gosto de presos em casa. Podem fugir, e depois dizem que o juiz recebeu algum presente. (Batem à porta.) Quem é? Pode entrar. (Entra um preto com um cacho de bananas e uma carta, que entrega ao juiz. JUIZ, lendo a carta:) "Il.mo Sr. - Muito me alegro de dizer a V. S.ª que a minha ao fazer desta é boa, e que a mesma desejo para V.S.ª pelos circunlóquios com que lhe venero". (Deixando de ler:) Circunlóquios... Que nome em breve! O que quererá ele dizer? Continuemos. (Lendo:) "Tomo a liberdade de mandar a V.S.ª um cacho de bananas-maçãs para V.S.ª comer com a sua boca e dar também a comer à Sr.ª Juíza e aos Srs. JUIZinhos. V.S.ª há-de reparar na insignificância do presente; porém, Il.mo Sr., as reformas da Constituição permitem a cada um fazer o que quiser, e mesmo fazer presentes; ora, mandando assim as ditas reformas, V.S.ª fará o favor de aceitar as ditas bananas, que diz minha Teresa Ova serem muito boas. No mais, receba as ordens de quem é seu venerador e tem a honra de ser - MANUEL ANDRÉ de Sapiruruca." - Bom, tenho bananas para a sobremesa. Ó pai, leva estas bananas para dentro e entrega à senhora. Toma lá um vintém para teu tabaco. (Sai o negro.) O certo é que é bem bom ser juiz de paz cá pela roça. De vez em quando temos nossos presentes de galinhas, bananas, ovos, etc., etc. (Batem à porta.) Quem é?

ESCRIVÃO, dentro - Sou eu.

JUIZ - Ah, é o escrivão. Pode entrar.

CENA X

ESCRIVÃO - Já intimei MANUEL JOÃO para levar o preso à cidade.

JUIZ - Bom. Agora vamos nós preparar a audiência. (Assentam-se ambos à mesa e o juiz toca a campainha.) Os senhores que estão lá fora no terreiro podem entrar. (Entram todos os lavradores vestidos como roceiros; uns de jaqueta de chita, chapéu de palha, calças brancas de ganga, de tamancos, descalços; outros calçam os sapatos e meias quando entram, etc. TOMÁS traz um leitão debaixo do braço.) Está aberta a audiência. Os seus requerimentos?


fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/martins-pena/o-juiz-de-paz-da-roca.php

***

Biografia

Luís Carlos Martins Pena (Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1815 – Lisboa, 7 de dezembro de 1848) foi dramaturgo, diplomata e introdutor da comédia de costumes no Brasil, tendo sido considerado o Molière brasileiro.

Sua obra caracterizou pioneiramente, com ironia e humor, as graças e desventuras da sociedade brasileira e de suas instituições. É Patrono da Academia Brasileira.

Filho de João Martins Pena e Francisca de Paula Julieta Pena, pessoas de poucas posses. Com um ano de idade, tornou-se órfão de pai; aos dez anos, de mãe. Seu padrasto, Antônio Maria da Silva Torres, deixou-o a cargo de tutores e, por destinação destes, ingressou na vida comercial, concluindo o curso de Comércio aos vinte anos, em 1835. Depois, passou a freqüentar a Academia Imperial das Belas Artes, onde estudou arquitetura, estatuária, desenho e música; simultaneamente, estudava línguas, história, literatura e teatro. Em 4 de outubro de 1838, foi representada, pela primeira vez, uma peça sua, "O juiz de paz na roça", no Teatro São Pedro, pela célebre companhia teatral de João Caetano (1808-1863), o mais famoso ator e encenador da época. No mesmo ano, entrou para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde exerceu cargos diversos, tais como amanuense da Secretaria dos Negócios Estrangeiros, em 1843, e adido à Legação do Brasil em Londres, Inglaterra, em 1847. Durante todo este período, contribuiu para a literatura brasileira com cerca de trinta peças, das quais aproximadamente vinte sendo comédias, o que o tornou fundador do gênero da comédia de costumes no Brasil, e as restantes constituindo farsas e dramas. Também, de agosto de 1846 a outubro 1847, fez críticas teatrais como folhetinista do Jornal do Commercio. Em Londres, contraiu tuberculose; e, em trânsito para o Brasil, veio a falecer em Lisboa, Portugal, com 33 anos de idade, em 7 de dezembro de 1848.

Em sua obra, de período imediatamente anterior ao Romantismo (no Brasil), debruçou-se sobre a vida do Rio de Janeiro da primeira metade do século XIX e explorou, sobretudo, o povo comum da roça e das cidades. Com a ajuda de sua singular veia cômica, encontrou um ambiente receptivo que favoreceu a sua popularidade. Construiu uma galeria de tipos que constitui um retrato realista do Brasil da época e compreende funcionários públicos, meirinhos, juízes, malandros, matutos, estrangeiros, falsos cultos e profissionais da intriga social. Suas histórias giram em torno de casos de família, casamentos, heranças, dotes, dívidas e festas da roça e das cidades.

Após sua morte, ainda vieram a público algumas de suas peças, como "O noviço" (1853) e "Os dois ou O inglês maquinista" (1871). Sua produção foi reunida em Comédias (1898), editado pela Editora Garnier, e em Teatro de Martins Pena (1965), 2 volumes, editado pelo Instituto Nacional do Livro. Folhetins – A semana lírica (1965), editado pelo então Ministério da Educação e Cultura e pelo Instituto Nacional do Livro, abrange a colaboração do autor no Jornal do Commercio (1846-1847).

Martins Pena deu ao teatro brasileiro cunho nacional, influenciando, em especial, Artur Azevedo. Sobre sua obra, escreveu o crítico e ensaísta Sílvio Romero (1851-1914): "...se se perdessem todas as leis, escritos, memórias da história brasileira dos primeiros 50 anos desse século XIX, que está a findar, e nos ficassem somente as comédias de Martins Pena, era possível reconstruir por elas a fisionomia moral de toda esta época".

Uma das pricipais salas do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília, leva seu nome.

fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Martins_Pena

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