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terça-feira, 5 de maio de 2009

História do grego Onanágoras

Joaquim Bispo

Na antiga Grécia, por volta do ano 400 a.C., vivia um pobre homem de nome Onanágoras. Habitava sozinho num monte pedregoso batido pelo vento. Alimentava-se de nabos, mel e figos, no tempo deles. Apesar da enorme pobreza e solidão, viveu relativamente feliz por muitos anos.

Até que lhe sobreveio uma crise de meia-idade. Começou a andar cabisbaixo, sorumbático e sem vontade de ir aos figos. Ao fim de algum tempo, resolveu fazer uma peregrinação a Delfos para consultar a divindade sobre o seu problema.
Pôs um saco de nabos e um pote de mel numa cesta e pôs-se a caminho. Ao fim de alguns dias, chegou ao templo; purificou-se e fez as suas oferendas ao deus Apolo, na pessoa da Pitonisa. E expôs o que o entristecia:

– Ó brilhante Apolo, há muitos anos que vivo só num monte pedregoso. Tenho apenas por companheira a minha mão direita, com a qual tenho mantido uma relação fiel e gratificante. Com ela tenho vivido feliz nestes últimos quarenta anos. Mas, ultimamente, tenho sentido apelos perturbadores. Apetece-me mudar, conhecer mundo, variar. O que é que hei-de fazer?

A Pitonisa aspirou as exalações proféticas do abismo hiante, entrou em transe frenético e, depois de revirar os olhos, sibilou:

– Toma para ti uma concubina!
– Mas, como posso eu, se não tenho senão uma colmeia, uma leira de nabos e uma figueira?!
– admirou-se Onanágoras.

A sacerdotisa olhou para o saco de nabos e para o pote de mel que o pobre grego trouxera e, embora não costumasse pormenorizar muito os seus oráculos, desta vez condescendeu em especificar:

– Toma como concubina a tua mão esquerda!

Onanágoras agradeceu o conselho e voltou para o seu monte pedregoso. E viveu feliz por mais vinte e cinco anos.

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