Joaquim Bispo
Na antiga Grécia, por volta do ano 400 a.C., vivia um pobre homem de nome Onanágoras. Habitava sozinho num monte pedregoso batido pelo vento. Alimentava-se de nabos, mel e figos, no tempo deles. Apesar da enorme pobreza e solidão, viveu relativamente feliz por muitos anos.
Até que lhe sobreveio uma crise de meia-idade. Começou a andar cabisbaixo, sorumbático e sem vontade de ir aos figos. Ao fim de algum tempo, resolveu fazer uma peregrinação a Delfos para consultar a divindade sobre o seu problema.
Pôs um saco de nabos e um pote de mel numa cesta e pôs-se a caminho. Ao fim de alguns dias, chegou ao templo; purificou-se e fez as suas oferendas ao deus Apolo, na pessoa da Pitonisa. E expôs o que o entristecia:
– Ó brilhante Apolo, há muitos anos que vivo só num monte pedregoso. Tenho apenas por companheira a minha mão direita, com a qual tenho mantido uma relação fiel e gratificante. Com ela tenho vivido feliz nestes últimos quarenta anos. Mas, ultimamente, tenho sentido apelos perturbadores. Apetece-me mudar, conhecer mundo, variar. O que é que hei-de fazer?
A Pitonisa aspirou as exalações proféticas do abismo hiante, entrou em transe frenético e, depois de revirar os olhos, sibilou:
– Toma para ti uma concubina!
– Mas, como posso eu, se não tenho senão uma colmeia, uma leira de nabos e uma figueira?! – admirou-se Onanágoras.
A sacerdotisa olhou para o saco de nabos e para o pote de mel que o pobre grego trouxera e, embora não costumasse pormenorizar muito os seus oráculos, desta vez condescendeu em especificar:
– Toma como concubina a tua mão esquerda!
Onanágoras agradeceu o conselho e voltou para o seu monte pedregoso. E viveu feliz por mais vinte e cinco anos.
– Ó brilhante Apolo, há muitos anos que vivo só num monte pedregoso. Tenho apenas por companheira a minha mão direita, com a qual tenho mantido uma relação fiel e gratificante. Com ela tenho vivido feliz nestes últimos quarenta anos. Mas, ultimamente, tenho sentido apelos perturbadores. Apetece-me mudar, conhecer mundo, variar. O que é que hei-de fazer?
A Pitonisa aspirou as exalações proféticas do abismo hiante, entrou em transe frenético e, depois de revirar os olhos, sibilou:
– Toma para ti uma concubina!
– Mas, como posso eu, se não tenho senão uma colmeia, uma leira de nabos e uma figueira?! – admirou-se Onanágoras.
A sacerdotisa olhou para o saco de nabos e para o pote de mel que o pobre grego trouxera e, embora não costumasse pormenorizar muito os seus oráculos, desta vez condescendeu em especificar:
– Toma como concubina a tua mão esquerda!
Onanágoras agradeceu o conselho e voltou para o seu monte pedregoso. E viveu feliz por mais vinte e cinco anos.
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