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segunda-feira, 18 de maio de 2009

A arma mais perigosa da Terra



Volmar Camargo Junior

Se acontecer, coincidentemente, de dez pessoas estarem em um mesmo recinto, e uma delas bocejar, automaticamente, outro pobre coitado, por adesão inconsciente, irá fazer o mesmo até que todos os membros daquele grupo estejam contaminados pelo bocejo.

Se, além desses, houver décimo primeiro, e este infeliz for jornalista, ferrou tudo. Em menos de vinte minutos, está feita a primeira epidemia de bocejo. No vigésimo segundo minuto, haverá pessoas que conhecem aqueles dez mandando e-mail para as redações dos jornais, dizendo que não conseguem parar de bocejar. Todos os jornais, concorrentes do empregador daquele décimo primeiro indivíduo, o jornalista, que estava lá e viu os dez bocejando, vão atrás de mais informações e, como mosca em rolha de xarope, vão descobrir que o bocejo se espalha a uma velocidade alarmante. Os governos são orientados a manter os bocejadores em quarentena, e os amigos, parentes, vizinhos e parceiros de canastra dos dez primeiros bocejadores sejam mantidos sob criteriosa vigilância. E, se você apresentar os sintomas de abrir largamente a boca, respirar pesada e fortemente, sentir zumbir leve e continuamente os ouvidos, lacrimejar os olhos, haverá o despertar de um duro complexo de culpa, porque você é um portador do bocejo, e todos os que o virem serão irremediavelmente contaminados.

Isso, é claro, até que a notícia epidêmica esfrie, como aconteceu à gripe aviária, à febre aftosa, à doença da vaca-louca, e surja outra coisa com que os jornalistas se ocupem.


Publicado originalmente no blog "Tô C*gando!", do mesmo autor: http://toc-gando.blogspot.com/2009/05/h1n1-e-arma-mais-perigosa-da-terra.html

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