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sábado, 8 de novembro de 2008

Laboratório poético (indriso)

Volmar Camargo Junior



O pior dos deuses

O tempo é o menos óbvios dos deuses
Ilude-nos com isso de passado e futuro
E ri de nossos medos.

A esperança é a única entre os deuses
Capaz de sofrer conosco
Mas ri de nossos medos.

De todos eles, ainda pior é o amor.

Faz o tempo e a esperança parecerem amadores.




O ser definitivo

O ser definitivo
Tal homem e bicho
Será finito.

Etéreo, incorpóreo
Crescerá como quiser
E quando quiser, morrerá.

Será como os sonhos

Partindo sem ser lembrado.

O sangue negro

As almas são negras
As dores são negras
Negros amores são.

Os sangues são negros
Os filhos dos homens são negros
Negras são todas as mães

Da mesma negra massa somos

Todos negros irmãos.

O poço

Encontrei há tempos um poço
Onde havia de mim idêntico,
Mesmo que inverso, um outro.

Do fundo, com rancor autêntico,
Encarou-me aquele eu imerso
Impondo que fosse em seu encontro.

Entre a borda e a água ficou suspenso

O olhar que lá deixei cair dentro.

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