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| Reprodução/Getty Images |
um poema
daqueles que vão
aonde não podem
daqueles que tocam
muito
muito
mais
do que deveriam
— inapropriadamente —
eu queria que tu me fizesses um poema longo
do tipo que cansa na primeira
leitura
mas que se repete
assim
que se retoma o fôlego
e outras mil vezes depois
e em cada uma delas se faz uma nova
descoberta e se abre
e se fecha as folhas sucessivas vezes
com um riso contido no rosto
eu queria que tu me fizesses
um poema daqueles
em que se deixa marcas
de dedos e saliva
nos cantos
das páginas
e eu o leria todos as noites
logo antes de dormir
leria também ao acordar
aquele maldito poema
per-
feito pra mim
e talvez algumas vezes durante o dia
e sempre que o lesse
certo que teria gosto
de novo
eu o leria muito
pau-sa-da-men-te
saboreando
cada verso
até engolir
inteiro
o ponto
final.
Ju Blasina
todo dia 07
1 comentários:
Demais! muito, muito bom!!!
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