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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Cinza na quarta

Eu não sou bom com palavras de incentivo ao Espírito, mas dessa vez vou tentar.

Começo de ano geralmente é o momento de avaliarmos e relançarmos ao concreto os nossos projetos que ainda não saíram do papel, ou que foram conduzidos de maneira preguiçosa, sem o total empenho que deveríamos ter depositado no momento em que sonhamos.

É a grandiosa arte da meditação, de se colocar no eixo para pensar, um artesanato singular de se buscar em cada experiência e se erguer ainda mais forte diante de cada dificuldade ultrapassada. Afinal, qual a graça em matar os leões? Tudo não passa de um simbolismo ultrajado, o prazer consiste em beijar os próprios demônios.
A ocasião é propícia para a introspecção, necessária e de grande ajuda ao próprio ser, onde o indivíduo consegue nortear o futuro e traçar metas para conquistar a totalidade, e não a perfeição. Será que é válido agradecer de coração aberto e com os braços estendidos somente aos que serviram de muletas para a nossa falsa erudição? O verdadeiro aprendizado surge da dor, e quem se limita na posição fetal com os olhinhos lacrimejados... pouco aprende com as lições de Saturno. Arquejar com as consequências é o intento do nosso caminhar, já que arcar é o segredo intrauterino de Pandora.
2014 será um ano para semear e colher novamente, assim como tudo na vida, que deságua em processos cíclicos, oferecendo ao Todo um recomeço, uma nova oportunidade de fazer melhor, de se doar ao próximo sem expectativas de receber nada em troca, pois é nisso em que reside o nosso trabalho. A lição mais árdua de toda a irresponsabilidade egoísta, “Ama o teu próximo como a ti mesmo”.
Há somente uma certeza na vida, ela acontece no Agora. Um Ano Novo de batalhas e merecimentos.


Kaô Kabecilê!

O!
índigo me ramo
cortejando aléns
ao nada-húmus


pôs-se imundo ao rebento repulsivo. desgrenhado de aparência e fardo. sigilo dos errantes planos milenares. contorceu-se numa trituração de explanar os sentidos na primeira investida lamuriosa. teimosia em ser além do aquietar. partiu a mãe ao meio pelo choro desaprumado. feitura esvoaçada. trouxe no âmago o ímpeto do estouro. rompeu-se do cordão e de toda força afetiva. banhado pela primeira vez no amparo das mãos acolhedoras. sustentou a pureza como um símbolo da violência despetalada. consagrado pela dissonância hospitalar. ao deleite da origem. inerente flâmula da melancolia. futuro arquétipo das premeditações zodiacais. absteve-se dos moldes. iniciou a longa jornada desnaturando o lirismo que tentaram lhe implantar. nada de cabrestos e limites. um desgarrado ao encontro das alucinações. cresceu e dominou-se. fez das ribanceiras o ombro que lhe mantinha vivo. a fisionomia das sombras tirava-lhe o sono. pensava que por detrás da extremidade existia uma saliência para outra infinitude. resolveu procurar esse segredo imemorável no caixote das palavras. prostrou-se diante do verbo. Fiat Lux.

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Bruno Bossolan
Nasci em 25 de junho de 1988 e resido em Capivari, interior de SP. Sou Cronista e Redator do Jornal O Semanário. [www.osemanario.com.br] Autor dos Livros: N(ó)stálgico (Poesias, 2011 - Paco Editorial) - Barbáriderna (Poesias, 2012 - Editora Penalux), com participação também em mais de 10 antologias poéticas. Autor da Peça Teatral “Destroços do Martírio” (apresentada no Mapa Cultural de SP na cidade de Porto Feliz – 2008/2009).
todo dia 01


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