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quarta-feira, 1 de março de 2017

Pedreira

- escrevinho abjurações -
o tempesteio
do abandono
mortalha meus sigilos

incisado de paradoxos
separando os ossos do brio
empedro-me couraça

o âmago intermeia
búdicos gestos
- flóreas branduras -

enfezo
os passos ressentidos
portando na Guia
o cansaço do mundo

- São João Batista
encaminha-me
aos sermões messiânicos
ressoando incêndios -

estanco a cadavérica friagem
no íngreme abraço de Xangô

quedo sobre o sutil
feito um libélula embrenhada
no Jardim da Razão

- a Ordem engrena
justa reação ao feitio
das iluminuras -

os demônios
se atentam
do arcabouço ao sol

inicia-me a peregrinação
de tribulações apáticas
em memória da gênese

Kaô Cabecilê
antes que as cinzas
sejam as dores
da quarta.

Imagem: Mihály Zichy - Mistress Agnes, 1893

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Bruno Bossolan
Nasci em 25 de junho de 1988 e resido em Capivari, interior de SP. Sou Cronista e Redator do Jornal O Semanário. [www.osemanario.com.br] Autor dos Livros: N(ó)stálgico (Poesias, 2011 - Paco Editorial) - Barbáriderna (Poesias, 2012 - Editora Penalux), com participação também em mais de 10 antologias poéticas. Autor da Peça Teatral “Destroços do Martírio” (apresentada no Mapa Cultural de SP na cidade de Porto Feliz – 2008/2009).
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