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quinta-feira, 2 de junho de 2016

ALPHONSINAS - OU O RETORNO DE ISMÁLIA





Quando Ismália enlouqueceu,
Devaneio simbolista,
Sem querer subverteu
Todo o código machista.

Ao dar asas à loucura,
Ao sonho em seu apogeu,
Destoou da partitura,
Grave crime cometeu.

Ao deixar de ser pintura,
A mulher inconformista
Provocou a ruptura
Do machismo oitocentista.

É melhor chamá-la louca,
Condenando-lhe a postura,
A deixar sair da boca
Uma blasfêmia futura.

Morre, então, a pobre Ismália,
Com seu cantar libertino.
E, em tom de represália,
Dizem que perdeu o tino.

É esse, enfim, o destino
Da mulher que desafia:
Seu lamento é clandestino;
O seu cantar, heresia.

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Tatiana Alves
Tatiana Alves é poeta, contista e ensaísta. Participou de diversos concursos literários, tendo obtido vários prêmios. É colaboradora da Revista Samizdat, já tendo escrito para os sites Anjos de Prata, Cronópios, Germina Literatura e Escritoras Suicidas. É filiada à APPERJ, à Academia Cachoeirense de Letras e à AEILIJ. Possui nove livros publicados. É Doutora em Letras e leciona Língua Portuguesa e Literatura no CEFET / RJ.

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