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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Um ego que se esvai

A vida está ultrapassando o limite de passar batom vermelho na boca. Antes, para quem queria um caso de paixão, agora se arrepende com os acasos de amor que perdeu. São chances molhadas como papéis jogados n'água - boiando, inúteis, na sujeira da chuva. Os olhos ressecados pingam rímel de anteontem. E a mulher em questão se detém na fronteira do que lhe foi negado. Não reivindicar o direito são as pedrinhas na encosta, que com a lama, escorregam imunes às consequências.

Não falar. Você deve não falar sobre o que tem medo, das vertigens e dos vômitos. As unhas trincam de dúvidas. Os cabelos caem, horrorizados. No espelho, reflexos daquilo que se evitou. Rugas? Jamais. Não há espaço para lembranças externas. A fisionomia se ocupa por completa com os poros abertos - prontos para agregar lágrimas opostas. A beleza se despede, não aguenta mais. Existir, para ela, tem sido meaningless.

Mantenha-se alerta. A respiração pretende lhe esconder os segredos fundamentais da vida. Observe sua própria sombra, e descubra os monstros adormecidos que comem você por dentro. O corpo é um átimo de misericórdia - passou-se o tempo, voltamos a ser uma organização inócua de dores ancestrais. Sangre. E verá que não estou mentindo. Minta a si mesmo, e verá que não lhe devo a verdade.

Se o telefone tocar, não atenda. É engano.

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