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terça-feira, 17 de setembro de 2024

Há continentes, países, cidades em seus poucos cômodos

 






         Mosquitos voam velozmente, em volta de mim. Trocaria de lugar com eles sem receio. Voaria por todos os cantos, cruzando oceanos de tapetes e cordilheiras de móveis como se estivesse em uma longa travessia, em direção à estante, à mesa, à escrivaninha, ao sofá. Iria ao quarto, à cozinha e ao banheiro em longos voos. Há continentes, países, cidades em seus poucos cômodos, em sua pequena metragem.
























terça-feira, 3 de setembro de 2024

A ILHA


 

A ilha com seu silêncio

me comunica a morte

dos seres espectrais

que nela vivem ou já viveram.

 

A ilha cercada por mangues

é um poço de lama e óleo.

 

Os pescadores da ilha

me comunicam o fim

dos pescadores da ilha.

 

Os pescadores da ilha

me apresentam a pesca de um dia,

nada.

 

A ilha com sua morte

me comunica o silêncio

dos seres superiores

que a mataram e matam.

 

A ilha abandonada pelos banhistas

é um deserto de espuma e água.

 

Os frequentadores da ilha

me comunicam o desastre

das praias da ilha.

 

Os frequentadores da ilha

me apresentam o bronzeado de um dia,

petróleo.

 

A ilha com sua sorte

me comunica o crime

dos seres continentais

que seguem impunes.

 

Os pescadores da ilha

me comunicam o fim dos peixes

e voltam tarde para casa.