(Ao som de Frying, de John Williams)
Já era o meu terceiro cigarro noturno. Tentava dormir, mas meus pensamentos não deixavam. A noite estava fresca e minha cabeça fervia.
Quando deitei novamente, comecei a ouvir o estalar do piso de madeira, das estantes e do armário. Parecia que alguém mexia em minhas coisas. Casa antiga de madeira tem dessas.
Depois de um longo tempo, dormi levemente em poucos minutos. Algo no ar havia mudado.
Foi uma noite branca, daquelas sem sonhos nem perturbações.
Antes de tomar meu café, fui acender o primeiro cigarro do dia.
Estava fumando quando percebi que a quantidade de guimbas que havia deixado na noite anterior não batia com a quantidade que via agora. Ali estavam sete bitucas fumadas e amassadas.
Fui conferir na carteira pra ver se eram os meus. Não, o número de cigarros faltantes era quatro, contando com o que estava em minha mão.
Aqueles cigarros não eram meus, mas alguém os havia fumado na noite anterior.
Lembrei dos barulhos que tinha ouvido antes de dormir. Alguém ou alguma coisa esteve aqui.
Depois daquele dia, o fenômeno não se repetiu, mas ainda espero o retorno daquela alma perdida. Pois eu preciso voltar a dormir.
1 comentários:
Eficaz, muito eficaz.
Você escreve do melhor suspense (ou será terror?), por aqui.
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