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sábado, 1 de fevereiro de 2014

A mãe do caos

paraliso-me. aprecio o quanto suporto da esquipática insurgência no exumado líquido salgado. presencio-me e te nego escorrendo pelo rosto o sumo da equidistância. já se passaram tantos junhos e o outono sempre me deixa tísico. lúgubre e desprezível. falsídico e indiligente. blasfemo os dias que lascam o horripilante pesar de não permanecer. na tentativa de enterrar o que passou acabo me perdoando por ser um lugar de pouquíssima afetuosidade. irei escoar o farrapo farmacográfico de inlevezas em que o meu semblante se transformou. raspo-te do epitáfio esperando apagar a incurabilidade. amanheci improfícuo sobre a carcaça. envelhecido com o cheiro escandaloso de pecar. não me resvalo. padece-me a vontade de trincar o mármore. deitar ao seu lado sem a mínima preocupação por deixar saudade. pudesse a minha sina ser ardilosa. eu ainda não mereço. deixou-me com essa imensa responsabilidade de dizer ao mundo que fui alimentado no antro do seu cuidado. quanta covardia. não sirvo para ser o domador da letalidade. não poderei elucidar seu longínquo amor vago de imensa precisão abrasiva. eu não fui treinado para resolver a mecânica microcósmica de respirar relentos. tenho anseios por outras ocupações. flexiono perpetuamente latir do fundo da minha tristeza. estimular a fissão dos meus complementos. estourar no céu mais próximo. não é nada fácil ficar com esse rombo no meio do entardecimento. deixá-la implodir a perspectiva da vida amena. eu vi as estrelas caírem sobre você. nem Olorum esteve ao meu lado. fui largado pela profundíssima sensibilidade de encontrar a redenção. tornei-me deserto pela falta do brilho materno. somente o vazio da perturbação me aprisiona fora das lastimáveis oferendas da compaixão. o desencadear é sepulcral. erro terrível ter nascido com a pureza das palavras. imensidade para as coisas ínfimas mundanas. poderia ter aquecido a desolação das noites perturbadoras. deixou-me com vontade de rasgar o verbo. devanear preces enlodadas.

[Johann Pinto - The Last Breath Burglar]

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Bruno Bossolan
Nasci em 25 de junho de 1988 e resido em Capivari, interior de SP. Sou Cronista e Redator do Jornal O Semanário. [www.osemanario.com.br] Autor dos Livros: N(ó)stálgico (Poesias, 2011 - Paco Editorial) - Barbáriderna (Poesias, 2012 - Editora Penalux), com participação também em mais de 10 antologias poéticas. Autor da Peça Teatral “Destroços do Martírio” (apresentada no Mapa Cultural de SP na cidade de Porto Feliz – 2008/2009).
todo dia 01


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