Ela
não é feita de pilheries
ou
deformidades acetinadas,
não
conta o amor perdido
nem
a culpa dos calados,
ela
arremata a pacificidade teórica
com
suas crises inafiançáveis
essa
poesia
é
feita de excremento materno
e
cheira a esgoto de útero
entra
pela porta escancarada da vida
tumultuando
o lar
confortavelmente
imundo
ela
não tem o valor iluminista
e
não é digna de salientar as desintegrações
dos
lunáticos,
despenca
pelo fetichismo
agredindo
a castidade
essa
poesia
não
é um sussurro apaixonado
na
excessiva submersão,
não
canta a fatalidade
das
perfídias
nos
contornos de alguma epifania
a
pior poesia medra
onde
começa essa coisa desasseada
que
cerca a consciência dos trapos
na
qual o cadáver se enfia
essa
insurgência poética
tortura
as
irrevogáveis características humanas
numa
subjetiva abundância
de
se viver o delírio
o
tema dessa poesia
beira
o vergonhoso,
é
a inadequação ao matrimônio,
é
uma intrépida agressão
ao
que é bem visto
e
amima o populismo
essa
poesia é imune
à
comercialização dos afetos,
autêntico
grito
curvado
numa foice,
é
a indefinição perturbada
do
estímulo,
um
vigoroso desacatado
para
acabar em nada
essa
poesia é um desgarro
imprecado
na secura,
desleixo
libertário
para
a degradação dos gêneros
e
conceitual para o diálogo
das
retroativas chagas
antes
fosse
mais
uma resiliência
galgando
pelo coração,
mas
essa escrita é maldística
pra
quem fulgura no lombo
a
esmaecida marcação dos surtos
os
insalubres pássaros
voejam
em cinismo
nesse
horizonte sem janelas
o
desprezo nutre as valas
da
pior poesia
feito
um cemitério de indignos
testemunhando
o esquecimento
seu
maior feito
foi
sintetizar o extraordinário
na
insubordinação de uma cria
que
danou o mundo
por
portar na gênese
a fraqueza
dos astros
essa
poesia é o prosaísmo onírico,
foi
desconjurada pela depressão
de
suas hipóteses irrelevantes
ela
é a insaciável vontade
de
engolir os deuses
na
autópsia da análise
seus
medos
impõe
à impubescência
o
calejar medonho
das
mãos solitárias
essa
poesia é insensível,
insensata
e insidiosa,
sua
máscara infame
é
a materialização do mofo
seu
quebranto
é
a súplica esquartejada
pelos
tolos que se ardem
nos
cultos à neofobia
essa
amotinada poesia
é
um sol de punho cerrado
cegando
a ladainha conservadora
portada
no recato
da
antimatéria
e
assim,
múltipla
e esquelética,
se
faz luminescência
por
desembruscar o vórtice
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