Caminha comigo
vê pelos meus olhos
o mundo que nos rodeia
Olha ali
os migrantes andando
como se houvesse um destino
um lugar certo para conhecer,
voltar ou alguém que os aguarda
Caminha comigo
os passos vagarosos
desse passeio que não acaba
Vê por minhas pupilas
a fome crassa que me devora
e que não tem fim nem começo
Segura esta mão raquítica
com as veias salientes
os músculos frágeis
e caminha comigo os últimos passos
neste deserto verde que nos cerca
Sente a sensação de nada ter
de nada sentir ou pensar
Caminha comigo
mesmo sabendo que não alcançaremos nada
e não haverá como regressar.
4 comentários:
Chorei. Você é, meu amigo. É!
Esse poema causou tal comoção em ti Cinthia Kriemler? Se sim, fico feliz que alguém ainda se emocione com a poesia a ponto de chorar. Grata pela leitura.
Abraço
E o que é melhor: achei que era de um amigo, por isso escrevi "meu amigo". Só agora me dei conta de que é seu. E eu gostei foi do SEU poema. Portanto, reitero o quanto amei! Conversou comigo, me tocou muito, me fez chorar. Belíssimo!
Mais uma vez obrigada, Cinthia. A emoção provocada transcende a questão da autoria. Isto foi o que me deixou feliz. Abraço.
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