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terça-feira, 1 de outubro de 2013

XVI

pinga-me o tesão. antecipar-te a pronúncia. maciez proclamada no gemido. os dedos reluzem mistificações. a luz e as formas abrasam os sentidos. rascunhos contorcidos. nossos corpos se confrontam. a busca anseia liquefazer-se. salivar a comunhão desatinada. não suportamos as margens. mergulhamos feito bestas endiabradas. contração dos punhos. os ossos se lascam. torna-se vinho o sangue que nos aprisiona. o mundo se basta no que somos. engatinhamos sobre navalhas. suor e silêncio rompidos. vagueio sobre o cio. não tente escapar do meu ente. seus sussurros escondem o mito. rasgo a égide e preces que te resguardam. escravizo sua Vênus. lambo seu grelo antes que o crepúsculo interfira. escancaro minha sina. rasgar-te o templo. seu queixo trepida luxúria. a boca anseia amputar-me. mastigo-te a alma na incisão do olhar. suas unhas riscam minhas ilusões. nossas costas desmoronam em arrepios. elevo-me mirando-te a desordem. a língua se entrega ao estrondo. alargo-te os lábios. meu cacete nada nas suas vociferações. chupa-me como se o mundo não se comovesse com as escoriações. uivo ao teto feito um lobo atroz. segredos do equivaler. cravo até a garganta. lacrimeja sua inocência. movimentos que não se controlam. rangidos hediondos. entrego-me novilho. engula-me em fúria. denta-me a glande. explodo no berro. a saliva principia o que de fato queremos. foder a carcaça. nossos corpos perfazem premonições. um sobre o outro. sobe-me aos solavancos. sua arca agita-se em me guardar. escorre de ti o que anseio beber. suas coxas imperam sobre meu instinto. vingança premeditada. a boceta me devora no primeiro bote. perco-me de vez dentro de ti. não há reino que nos suporte. a dicotomia exala perfeição. lua e sol extasiando espectros. poética entrelaçada. minhas palavras enegrecidas. seus lábios rosados. fervor estimulando infernos. telúrico gracejo. espasmos quiméricos. amo-te enquanto cavalga sobre minhas cicatrizes. mais rápido. minhas mãos se afogam nos seus seios. aurora despovoada. te beijo como nunca mais. incenso das nossas peles. faiscamos átomos em vaivém cadenciado. o fogo cria a dimensão dos nossos sonhos. meus dentes arquejam perfurar-te o peito. seu coração se debruça sobre minha fome.  renda-se à minha epígrafe. não se baste em mim. há universos dentro dos meus ais que te coroam sublimações. enlaçar catatônico. empesteio-me com seu fruto. giro-te num deslocar subversivo. monto sobre o quadril que me faz delirar. a piedade é o instrumento do pavor. por isso adentro-te em sanguinolência. o vermelho se torna nosso baque. embarcação das gerações. seu útero clama ao meu pau pelo gosto da porra. não represento o cintilar. pluma que te insere cuidados. grafo nas suas veias o poema. esguicho ao seu desejo. semeio o acalento. seu corpo desmonta na minha emboscada. jamais abandonarei o seu sorriso. sigilo incomensurável. nada mais nos comporta. nada além me extasia. consagramos o desejo nalguma estrela. constelamos a distância no versejar. você é a minha moradia. eu te quero no meu quarto de anomalias. não sei estancar a pulsação anímica. você eclode sendo a minha salvação. amazona da ânfora inquieta. sou seu nada adocicado na animalidade de cada dia.

[Douglas Robert]

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Bruno Bossolan
Nasci em 25 de junho de 1988 e resido em Capivari, interior de SP. Sou Cronista e Redator do Jornal O Semanário. [www.osemanario.com.br] Autor dos Livros: N(ó)stálgico (Poesias, 2011 - Paco Editorial) - Barbáriderna (Poesias, 2012 - Editora Penalux), com participação também em mais de 10 antologias poéticas. Autor da Peça Teatral “Destroços do Martírio” (apresentada no Mapa Cultural de SP na cidade de Porto Feliz – 2008/2009).
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