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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O Galo





                         Havia no sítio um grande galo que me acordava todas as manhãs. Seu canto era forte que ecoava por todos os lados. Não somente seu canto era forte, era um belo galo. Eu não sentia preocupação ao vê-lo por perto, sabia que se ele estava por perto, eu estava bem guardado. Até que uma raposa entrou no galinheiro, sorrateira. Ela matou e comeu várias galinhas e pintinhos. O galo acordou e travou uma luta feroz com a raposa. Assustado com tamanha algazarra, levantei e fui ver o que estava acontecendo. O que vi era desolador. Um galo e uma raposa brigavam furiosamente em meio à penas e aves mortas. Ao chegar perto da raposa, o galo avançou contra mim, como se dissesse que aquela luta não era minha. Peguei a raposa e expulsei-a do sítio, mas o estrago era maior. Todas as galinhas foram mortas. O galo olhou para mim com raiva. Então, passou a cantar cada vez mais tarde. Comecei a sofrer atrasos, a acordar tarde sem o canto do galo. Comprei mais galinhas para que tudo voltasse a ser como era. Mas antes ele deixou bem claro: eu jamais deveria entrar no galinheiro novamente. No dia seguinte a raposa apareceu morta na porta do galinheiro. O galo agora canta tão alto que o sol parece sentir medo quando nasce por cima da colina, ao longe.

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Rafael F. Carvalho
Autor do livro A Estante Deslocada, é paulistano, nascido em 27 de Fevereiro de 1978. Foi publicado em antologias de novos escritores e em jornais universitários, e é formado em Letras pela Universidade de São Paulo.


todo dia 17


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