SOBRE A TEMPORALIDADE DOS SONHOS
“Porque se chamavam homens,
também se chamavam sonhos.
E sonhos não
envelhecem.”
(Milton Nascimento, Lô Borges
e Márcio Borges – Clube da Esquina nº 2)
Sonhos de uma
época
banidos da
pauta
da canção do
mundo.
Mas o poeta
sabe
que sonhar é
força
que se impõe
ainda.
Por detrás dos
muros,
por sobre os
escombros
de outros
sonhos tantos.
Mesmo que
obtusos
e infantis
pareçam
aos olhos do
míope.
Pois sonhar é
fome
que a si mesma
come,
para nutrir a
vida.
Que explode,
sêmen
de
lucidez atávica,
a fazer-se
bússola,
apontando o
norte,
leste ou
estibordo.
O rumo não
importa.
O que vale
mesmo
é tanger
delírios,
livres,
fluidos, soltos.
Que o real se
molda
a qualquer dos
sons,
ainda que
demore.
Pois também o
tempo
é sonho
sonhado
no tocar das
horas.
E o homem
mesmo
é tão só um
sonho
que se sonha
sempre.
Já ao poeta
cabe
reescrever a
pauta
de um novo
tempo.
Edelson Nagues
Do livro Águas de Clausura (Scortecci Editora)
1 comentários:
Adorei o poema!
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