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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

SOBRE A TEMPORALIDADE DOS SONHOS

SOBRE A TEMPORALIDADE DOS SONHOS
                                           
               
                                            “Porque se chamavam homens,
                                              também se chamavam sonhos.
                                              E sonhos não envelhecem.”
                                             (Milton Nascimento, Lô Borges
                                              e Márcio Borges Clube da Esquina nº 2)


Sonhos de uma época
banidos da pauta
da canção do mundo.

Mas o poeta sabe
que sonhar é força
que se impõe ainda.

Por detrás dos muros,
por sobre os escombros
de outros sonhos tantos.

Mesmo que obtusos
e infantis pareçam
aos olhos do míope.

Pois sonhar é fome
que a si mesma come,
para nutrir a vida.

Que explode, sêmen
de lucidez  atávica,
a fazer-se bússola,

apontando o norte,
leste ou estibordo.
O rumo não importa.

O que vale mesmo
é tanger delírios,
livres, fluidos, soltos.

Que o real se molda
a qualquer dos sons,
ainda que demore.

Pois também o tempo
é sonho sonhado
no tocar das horas.

E o homem mesmo
é tão só um sonho
que se sonha sempre.

Já ao poeta cabe
reescrever a pauta
de um novo tempo.


Edelson Nagues

Do livro Águas de Clausura (Scortecci Editora)







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Edelson Nagues
(nome literário de EDELSON RODRIGUES NASCIMENTO) é natural de Rondonópolis/MT e radicado em Brasília/DF. Estudou Direito e Filosofia, com pós-graduação em Língua Portuguesa. É poeta, escritor, revisor de textos e servidor público. Na década de 1980 e início da década seguinte, em seu estado de origem, atuou na área musical, como vocalista e principal letrista do Grupo Reciclagem, tendo participado de vários festivais universitários e de festivais regionais e nacionais da Caixa Econômica Federal, obtendo diversas premiações, inclusive como intérprete e letrista. Na época, funcionário da CEF, atuava como representante do então recém-criado Conjunto Cultural (hoje denominado Caixa Cultural) em Mato Grosso. Premiado e/ou selecionado para coletâneas em vários concursos literários, entre os quais se destacam: Concurso Nacional de Poesia “Adilson Reis dos Santos” (2012, Ponta Grossa/PR), XXXIII Concurso “Fellipe d’Oliveira” (2011, Santa Maria/RS), Prêmio Prefeitura de Niterói (2011), XXI Concurso Nacional de Contos “José Cândido de Carvalho” e XII FestiCampos de Poesia Falada (ambos em 2011, Campos dos Goytacazes/RJ), Concurso Novo Milênio de Literatura (Vila Velha/ES, 2010), IV Concurso Nacional de Contos do SESC-Amazonas (2010, Manaus/AM), VI Desafio dos Escritores (Brasília/DF, 2010), XL Concurso Literário “Escriba” (Piracicaba/SP, 2009). É autor dos livros Humanos (coletânea de contos premiados) e Águas de Clausura (de poesia, vencedor do X Prêmio Livraria Asabeça), ambos publicados pela Scortecci Editora. É membro correspondente da Academia Cachoeirense de Letras (de Cachoeiro de Itapemirim/ES) e mantém (ou tenta manter) o blog pessoal www.senaoescrevodoi.blogspot.com.
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