tenho rasurado insuficiências.
negligência sanguínea. estupefato ao meditar. adoecido em sigilo. camuflando a
carniçaria. quase nunca perene. tísico rastejo. alucino arranhar certezas.
permito-me desgraças para estancar. é o estranho mundo dos céus. é a
prerrogativa que manipula minhas orações. ribanceiras para acariciar.
consulente do cansaço. as cinzas dos sorrisos perdidos entopem minhas vias.
arco com a indiferença das escolhas. tampouco me importo com o depois. estou
buscando o deleite de quem esquarteja. legítima instabilidade do querer. amo
feito um filho da puta que escarra sublimações. banho-me no charco dos carinhos
negados. penitência das poucas palavras. um sonho obstruído em cada carência.
minha fortaleza desmancha-se pelo rosto. trepido a reação desconcertada.
enxugo-me como se fosse matar a fome. minha inconsequência se torna epidemia. o
rasgo que alimenta a carcaça. contemplo o escândalo da danação. gemo nos moldes
do grito. mobiliado pela escotofobia. meu vício é drenado pela fuga. uma
alegria tenta me descansar em placidez. escorraço em fúria o cerúleo afeto que
me cai sobre os ombros. sobrevivo asquerosamente. respiro a necrobiose que
empesteia minha língua. tantas palavras adjuntas suplicando pelo declive.
resta-me o covil da poética. tateio os rastros procurando me aquecer. amiúde
olhar desencontrando perdições. mascaro-me conveniência introspectiva para
suportar a falta. teço-me como um semideus que se recusa. desmembro-me na quietude
do abandono. remoo éter. lavro mágoas para achar a solução da incapacidade.
esmiuçado ígneo desatando ira. semeando-me desertos. rego-me enxuto alvoroço.
falta-me o abrasivo adubo. broto epiléptico caos. raquítica vida que se
esparrama pela penumbra. espreito o umbral aspirando amortalhar os sentidos. a
tragédia em mim prospera. química que me consagra apenas mais um morfético.
esgoelo abutres na solidão do berço. o meu esporro não chega aos pés da
plenitude. pasmo em asco com os cacos do descaso. me trato quebrado. retorcido.
sedento pelas verdades que roem o breu. o meu evangelho é escrito aos tropeços
dos excessos. a cólera é enlanguescida no altruísmo prolixo da minha natureza.
envergonho os meus ancestrais transladando todas as espécies no caixote
torácico. não suporto enfisemas. carrego o desengano na síndrome do não mais. o
silêncio é o purgatório do desamparo. desmentindo a verdade que me arde com a
loucura que me cabe. minha descrição é uma sombra para a constante permanência
do amanhecer. sangue semiárido
percorre-me na catástrofe quando reluto contra a insubstancialidade. indícios
da danação pintam meu semblante com a falta do que sentir. esqueço-me a sós.
adornam-me as poucas coisas necessárias para ousar. uivos e desesperança.
gorjeiam-me os corvos na hipótese do nada. poderia amputar as mãos. calar o
escândalo. apenas uma variante do insustentável chumbo de não ser. a inevitável
tradição da morte dança sobre os meus calos. acomodo o corpo e a quinquilharia
do que restou. epífitas reluzentes de humildade despencam pelos pântanos. não
tento fingir que estou comovido com os tormentos avolumados. o desassossego é
permanente. deficiências no esconderijo em que prossigo. busco em diferentes
realidades um mundo que se choca com o sopro da pólvora. falta-me alma para ser
homem. o passado deteriora a possibilidade da cura. então revolto-me calado em
tempos surdos. confinado como Cristo numa espécie de substrato. um endiabrado
que abdicou a própria eternidade. coso fiapos tentando encontrar a origem. o
meu passeio é grafar horrores por toda a escuridão cósmica.
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