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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Epifania


 

À Ana Damm,

que teve essa epifania aos 7 anos de idade.

 

 

Ela caminhou lentamente em direção àquele volume de luz clara que se expandia. A areia era fofa nos seus pés. Sentou no escorregador apenas para ver.

Crianças corriam, caiam, davam risadas. Viviam sem perceber a possibilidade de virarem sombras nos brinquedos retorcidos.

Mas ela percebeu.

A menina viu o fim brotar com esplendor; feito o amanhecer de pequenas nulidades.

Ela percebeu que os ossos das crianças correriam os ventos gemendo futuros. Viu os seus ossos pequenos virando poeira de infância.

E sentiu medo de deixar de ser.

O pequeno corpo da menina estancou no meio do parque. Sem querer brincar, anulou o grito e esperou a primeira fagulha.
 
 

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Homero Gomes
(Curitiba/PR, 1978). É escritor. Autor dos trabalhos ainda inéditos Sísifo Desatento (contos) – finalista do Sesc de Literatura edição 2007 –, Jamé Vu –publicado via internet – e Anjo Exilado (poemas) – que possui versão online no site português TriploV e Germina Literatura sob o título Solidão de Caronte. Está concluindo o romance Tempo do Corpo e a novela juvenil Paralelo Um. Colaborou com Rascunho, Cult, Germina Literatura, Cronópios, Ficções, entre outros. É editor de Jamé Vu (com postagens suspensas), espaço em que não apenas divulga suas produções literárias como também a de outros literatos, entre veteranos e estreantes, edita também do blogue juvenil Paralelo Um (com postagens suspensas), onde disponibiliza matérias, curiosidades e jogos para o público juvenil; é colunista dos sites Página Cultural , desde 2010; Mundo Mundano , com sua ficção, desde 2011; e Musa Rara , com notícias literárias e do mercado editorial, desde 2012; e da revista digital Samizdat, com sua ficção, desde 2012. Contato: homero.gomes@gmail.com
todo dia 14


4 comentários:

Não comento o conteúdo, só a apresentação. Apresentação que também determina uma particular compreensão do conteúdo. Como "Um parágrafo consiste tipicamente de uma ideia, pensamento ou ponto principal que o unifica, acompanhado por detalhes que o complementam", poder-se-ia pensar que o seu texto contém 7 ideias ou ações ou momentos diferentes, o que não me parece, de todo, o caso. Terá sido para criar maior ênfase e suspense na narrativa?

Este comentário foi removido pelo autor.

Observações:l-"ela caminhou em direção ao volume de luz:"luz" não tem volume,talvez,intensidade.
2-"luz clara",meio ambíguo,embora claridade,clarão claro do dia,claridade da lua(implícitos),mas luz clara?algo como água verde,noite escura(embora,para noite,ainda o termo escuro possa ser reforçado:uma noite muito escura etc.)
3-tenho dúvida sobre se a luz tem "expansão ",acho que sobre efeitos da radiação,possa se falar de expansão da matéria,e consequente efeito luminoso,
4-se "crianças corriam,caiam...é porque estavam vivas,portanto"viviam sem perceber",talvez,brincavam,que se liga à frase anterior.
5-"a menina viu o fim ao brotar",bom,as idéias de fim,representando término,choca com verbo brotar,significando,começo,nascimento etc.,ou seja:a menina viu o término nascendo,ou o que acabou,começou.
6-as questões dos ossos,visão de futuro,o medo de deixar de ser,são questões postas por adultos,questões filosóficas.
7-o final ficou indefinido,sobre causa da epifania.Aconteceu algum evento catastrófico no parque?isto não é desfecho,é indefinição...obrigado,são observações pessoais.O testo tem traços de poesia,e cabe discussão,legal.

mtso8sar@gmail.com, luz tem volume quando é partícula... a menina que estava naquele parque sentiu viu e ouviu exatamente como foi narrado aqui.

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