Amo os loucos em suas santidades petrificadas, submersos em mistérios e alucinações.
Primitivos, inocentes, sem as cabeças amordaçadas.
Desfilam em pontes esgarçadas, sem
egos.
Como meros figurantes num mundo
de estrelas obscuras, decadentes.
Em seu vazio ensurdecedor, batem
asas salpicadas de louvor.
Mágicos da realidade,
metamorfoseiam suas dores obscuras em espasmos solitários, dormem em berços
enferrujados da hostilidade e do inconformismo.
Amo os inseguros, os deprimidos,
os anoréxicos, os medrosos, perdedores, fracos...
Enfim, os que não se compactuam
com o brilho efêmero,
não se deslumbram com as luzes da
ribalta, ficam no seu canto em
sussurros e meditação... únicos!
Em suas dores! Sem o vômito azedo
do social...
Despedidos das luzes da ribalta,
se encaminham para a cachoeira dos solitários,
em busca do banho da
individuação...
Sem persona, sem caricaturas, se
espremem na dor,
para irrigar o inusitado do
acaso,
buscando intensidades que se
cruzam no acontecer.
No seu frenesi orgiástico, em
seus fluxos insanos e desdita, em sua desesperança e ócio, em sua
magia e desencanto,
em suas disfunções, na sua
escassez de vitórias e em amargas derrotas,
nos seus surtos psicodélicos, em
sua desesperança e ambiguidade,
com todas as suas nuances e
matizes, como ramalhetes de flores desfeitos.
Na sua cumplicidade e desafetos,
com seus enigmas e embates, amo, sobretudo, pela sua finitude e infinita
generosidade.
The end
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