Henry Alfred Bugalho
Não havia ninguém por perto quando ele acertou a árvore.
"O caminhoneiro deve ter dormido e perdeu o controle do veículo." Isto era o que as pessoas diziam.
Eu e meu irmão corremos para a estrada. Era uma cena assustadora, as marcas de derrapagem, o metal retorcido, o sangue pingando no asfalto. A equipe de resgate estava se preparando para cortar através do metal para retirar o corpo do motorista.
Nosso pai apareceu e, tomando-nos pela mão, disse que devíamos ir para casa.
"Isto não é lugar para crianças."
Dois policiais bateram à nossa porta, fazendo-nos perguntas, mas não havíamos visto ou ouvido nada.
Depois, a investigação determinou que ele estava dirigindo por quase vinte e quatro horas sem descanso. Ele estava embriagado também, revelaram os exames de sangue.
"Viu? Podia ser você," disse minha mãe para meu pai, enquanto ele assistia a uma partida de futebol na TV.
"Cale a boca!" Ele disse. "Não era eu."
E ele deu um gole na garrafa de cerveja que segurava.
Daquele dia em diante, eu mal conseguia dormir quando meu pai entrava em seu caminhão e nos deixava por vários dias. Podia ter sido ele... Eu pensava. Numa estrada. Numa árvore. Pingando sangue no asfalto.
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