Há cerca de vinte anos, em Cambridge, comprei um livro de contos de um escritor para mim desconhecido mas enfaticamente recomendado pelo livreiro. Por que razão ele me indicou o livro, nunca descobri. Nem caro era. Tratava-se de um livro de contos do escritor Jaroslav Hasek. Segundo o livreiro, contos absurdos; um Kafka bem-humorado. E disse, ainda: "se você gostar, antes de voltar para o Brasil, leve o Bom Soldado Svejk".
Levei os contos - e adorei -, mas somente este ano comprei o romance, em inglês na versão do Kindle. Descobri há poucos meses que a editora portuguesa Tinta da China foi a responsável pela primeira versão completa deste clássico esquecido para nossa língua. Em português ou em inglês, quero lê-lo, já que em agosto serão lembrados - "comemorados" é um péssimo termo, e certamente será muito utilizado, posso apostar - os cem anos do início da Primeira Guerra Mundial. Considerado, com Nada de novo no front, um dos grandes clássicos antibélicos, serviu de inspiração (declarada pelo próprio Joseph Heller) para Ardil 22. Muitos vêem sua influência no personagem Forest Gump.
A editora portuguesa, que tem um braço brasileiro, o editou em sua coleção de humor. É torcer para que a edição chegue logo por aqui. Hasek foi conterrâneo e contemporâneo de Kafka, com quem guarda incríveis coincidências - a começar, pelo fato de não ter concluído sua obra mais famosa - já definitivamente condenado pela doença, ditava o romance. A ideia era escrevê-lo em seis volumes, dos quais somente três foram concluídos.
Nascido em 1883, em Praga, lutou por pouco tempo na Primeira Guerra, tendo sido capturado pelos russos em 1915. Tornou-se comunista, viveu na Rússia revolucionária e morreu em 1923.
Os contos foram um grande ensaio para a elaboração d'O Bom Soldado Svejk. O romance, acabado, deu bastante trabalho às vítimas preferenciais de Hasek: foi confiscado já em 1925, frequentador assíduo das fogueiras nazistas em 1933 e, nos anos 1970, sua "não-leitura" foi expressamente indicada pelo governo.
Seus contos são imperdíveis - e torço para que a mesma Tinta da China decida editá-los. Hasek tinha uma especial predileção por ironizar a burocracia, em todos os seus setores. Seus textos breves criticam o Judiciário, os impostos, as alfândegas, a Igreja, enfim, nada lhe escapou. Evidentemente, não era muito bem quisto pelo que se convencionou chamar "sistema".
Nascido em 1883, em Praga, lutou por pouco tempo na Primeira Guerra, tendo sido capturado pelos russos em 1915. Tornou-se comunista, viveu na Rússia revolucionária e morreu em 1923.
Os contos foram um grande ensaio para a elaboração d'O Bom Soldado Svejk. O romance, acabado, deu bastante trabalho às vítimas preferenciais de Hasek: foi confiscado já em 1925, frequentador assíduo das fogueiras nazistas em 1933 e, nos anos 1970, sua "não-leitura" foi expressamente indicada pelo governo.
Seus contos são imperdíveis - e torço para que a mesma Tinta da China decida editá-los. Hasek tinha uma especial predileção por ironizar a burocracia, em todos os seus setores. Seus textos breves criticam o Judiciário, os impostos, as alfândegas, a Igreja, enfim, nada lhe escapou. Evidentemente, não era muito bem quisto pelo que se convencionou chamar "sistema".
0 comentários:
Postar um comentário