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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Quem sabe, um dia

Ouvi um barulho estranho na varanda.
Mais outro na veneziana, outros na caixa do ar condicionado.
E mais outros e outros seguidos, intensos e crescentes como que viessem da rua.
Quando olhei da janela, tudo estava tomado.
As calçadas, os carros, os telhados das casas, as copas das arvores.
Desci de braços abertos, girando com vontade de cantar, olhando para cima,
agradecendo o raro fenômeno.  Ridículo?
Não era o único. Outras pessoas também apareceram. Não nos falávamos,
mas ríamos, sorriamos, gargalhávamos e brincávamos umas com as outras.
As crianças surgiram de pijaminhas e ursinhos a tiracolo. Corriam pra lá e pra cá,
faziam montinhos, rolavam pelo chão, deslizavam pelas ladeirinhas totalmente encobertas.
Todos de todos os credos e não credos deixavam se banhar pela imaginação
e se encharcavam de emoções.
Quando vem chegando o Natal  é sempre assim.
Sonho com uma chuva de livros inundando a vida.

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José Guilherme Vereza
Carioca, botafoguense, pai de 4 filhos. Redator, publicitário, professor, roteirista, escritor, diretor de criação. Mais de mil comercias para TV e cinema. Uma peça de teatro: “Uma carta de adeus”. Um conto premiado: “Relações Postais”. Um livro publicado “30 segundos – Contos Expressos”. Mais de 3 anos na Samizdat. Sempre à espreita da vida, consigo modesta e pretensiosamente transformar em ficção tudo que vejo. Ou acho que vejo. Ou que gostaria de ver. Ou que imagino que vejo. Ou que nem vejo. Passou pelos meus radares, conto, distorço, maldigo, faço e aconteço. Palavras são para isso. Para se fingir viver de tudo e de verdade.
todo dia 20


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