Ouvi um barulho estranho na varanda.
Mais outro na veneziana, outros na caixa do ar condicionado.
E mais outros e outros seguidos, intensos e crescentes como que viessem da rua.
Quando olhei da janela, tudo estava tomado.
As calçadas, os carros, os telhados das casas, as copas das arvores.
Desci de braços abertos, girando com vontade de cantar, olhando para cima,
agradecendo o raro fenômeno. Ridículo?
Não era o único. Outras pessoas também apareceram. Não nos falávamos,
mas ríamos, sorriamos, gargalhávamos e brincávamos umas com as outras.
As crianças surgiram de pijaminhas e ursinhos a tiracolo. Corriam pra lá e pra cá,
faziam montinhos, rolavam pelo chão, deslizavam pelas ladeirinhas totalmente encobertas.
Todos de todos os credos e não credos deixavam se banhar pela imaginação
e se encharcavam de emoções.
Quando vem chegando o Natal é sempre assim.
Sonho com uma chuva de livros inundando a vida.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
Quem sabe, um dia
por José Guilherme Vereza
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