Joaquim Bispo
É Natal. A tradição portuguesa louva o nascimento do Menino Jesus, com
missa do galo, presépio e madeiro a arder no adro da igreja. As famílias
transmitem a tradição, associando as crianças à montagem do presépio, que ganha
um espaço de ternura em muitas casas do país, sobretudo no espaço rural.
Entretanto, apareceu por aí um palhaço vestido de vermelho que teima em se
imiscuir na tradição. Quem é ele? Será o pai biológico da criança? Um Rei Mago
tresmalhado? Será o Rei do Carnaval e confundiu as datas? Mistério.
Certo é que o Pai Natal não faz parte de nenhum
episódio do Novo nem do Velho Testamento. Não espreita em nenhuma tábua pintada,
em qualquer templo de qualquer época. Não aparece em nenhuma iconografia
cristã. Não tem nada a ver com o Natal.
Como é que o enternecedor menino
recém-nascido do presépio dá passagem a este grotesco barrigudo? Como é que o
madeiro incandescente do adro se transforma em pinheiro nórdico, carregado de
neve?
A globalização tira-nos até a cultura dos
nossos avós.
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Imagem: http://www.tribunadamadeira.pt/?p=14538
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