- intercutâneo expurgamento -
contemporizo-me
o bodisatva dos nenhures
no meu próprio
tártaro indomado
saúdo-o
com os interinos olhos
quebradiços
à deriva do sismo
o ressequido fel
escorre lúrido
renegando o defloramento
trespasso o fascínio
incinerando
fátuas excelências
- objetivo-me
ser tragado
pelo imperecível devaneio -
escarneço
em engasgos e escarros
os sintomas
do intangível respirar
rumino
com o desprezo inorgânico
os destroços internalizados
no recanto das garoas
- desgraçadamente
a víbora-mudez
enrista
no açoitamento da garganta -
adentro cambaleando
a enlanguescida vigília
das almas penalizadas
pelas trépidas sujeições
- vacilo
estéreis expectativas -
inclino-me ao engano
dos intervalos desentoados
onde me porto amordaçado
- é a vingança do íntimo
contra as irrevogáveis tradições
do fúnebre apego -
amanho benevolências
antes de devotar
tormentas
ao cativeiro corpóreo
singro
nos enveredados vergões
vaporizando a essência
tranço
ridículas rogações
às desumanidades
de cada surra sorvida
- evito o Eu
quando me parto -
imigro
para o contrassenso
pós-abnegação
no império esquelético
a alma pulula
desintegrar-me
no transe asfixiante
- ao húmus
tão só a pretensão
de ser abrupta
finitude imutável -
longevo me fluo
movediça silhueta
hipersensibilizada
- o caos
assenta-me
por todos os lampejos -
bebo amônia
na imprescindível urgência
de esgarçar o socorro.
Imagem: Charlotte Caron.
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