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domingo, 1 de junho de 2014

Fogo de Santelmo

é uma lívida entrega
do meu peito-estanque
a cada mansuetude
que te fecundo ideação

- nudez dos olhos
enluarando repouso
na fluídica garoa -

o choro sereno
procura remendar
a exaltação desse vício
que te resguarda
em mim

tateio feixes
esculturando o seu rosto
nas cerúleas névoas
dessa crística tormenta
fundida na placidez

talvez seja o meu fim
sagrá-la nas chagas
que me encasularam
no ocaso
das ausências empedradas

- dissipa-te
nos meus cuidados
feito a bruma
resvalando na relva -

mantenha-se alvorada
quando eu estiver propenso
a devorar salamandras
e lamber a lacuna
amantelada no seio

- irradiá-la elegia
é a cura termal
da libertinagem
incendiária -

aproprio-me
da sua imagem
circunscrita em naufrágios
protegendo-te dos urros
vingados no declive

- oráculo apostemado -

eu me basto
nos instantes esquecidos
e na triste vala
onde Eros
encarcerou a vertente

procuro-te
no curso inexato
do floreio em foz
desnudado nas lágrimas

- remo em escapismo
e o vínculo resiste
peregrinando acantoado -.

[Yung Cheng Lin]

“Tu nunca vai se curar da doença que eu sou. Eu estarei sempre em tudo que tu escrever.”

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Bruno Bossolan
Nasci em 25 de junho de 1988 e resido em Capivari, interior de SP. Sou Cronista e Redator do Jornal O Semanário. [www.osemanario.com.br] Autor dos Livros: N(ó)stálgico (Poesias, 2011 - Paco Editorial) - Barbáriderna (Poesias, 2012 - Editora Penalux), com participação também em mais de 10 antologias poéticas. Autor da Peça Teatral “Destroços do Martírio” (apresentada no Mapa Cultural de SP na cidade de Porto Feliz – 2008/2009).
todo dia 01


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