Pouco antes de enterrar a verdade
numa recordação imunda
quase toda apocalíptica,
estilhace as lágrimas
para todos os lados
e preceda a encenação
rolando na espiral homogênea
que intercambia os nossos astros
esconda-se indiferente
da minha sina maltrapilha
e diga que não há mais volta,
que qualquer desculpa
sobrecarrega o descanso
mas enquanto permaneci
sustentando as cicatrizes,
acariciando o desamparo,
trepidando a pouquíssima carne
enclausurada pelas fobias,
esquentando os meandros
de quando me jurava amor,
eu me cabia numa mentira
para aliviar seus imediatismos
sei que a indiferença
nunca lhe evocou compaixão,
mas ao seu inferno
eu fui o acomodado servo
para protegê-la das remições
no descarte da leveza
a relação se encruou
aos sintomas de uma parasitismo
afetuoso
nutri os abocanhamentos
dos seus desconsagrados toques
e nem assim a esfomeação
te fez menos monocromática
pela minha generosa entrega
foi o meu ventre
quem se alocou bruto
no rebusco da insensibilidade
o encanecido jardim regado
com o nosso suor
está empalecidamente abrolhando
a resilição pesarosa
deixo-te com o lençol
amarrotado de tranqueiras
enquanto os meus ombros arcam
comiserações inteligíveis
minhas trêmulas mãos
não puderam desculpar
o desalinho das suas margens
você é uma inanição.
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