tava uma perna de um tanque de lavar roupa, em cimento.
Na Segunda-feira, estava um carro estacionado mesmo em cima da passadeira de peões que dá acesso à minha casa. Incomodado, afixei-lhe a meio do pára-brisas um pequeno autocolante amarelo, que trago sempre comigo, que diz: Estacione bem – Respeite os outros.
Na Terça-feira, deparei com o mesmo carro estacionado na passadeira. Indignado, apliquei-lhe, desta vez, um outro pequeno autocolante vermelho, que diz: Mal estacionado – Sujeito a reboque.
Na Quarta-feira, o carro estava outra vez na passadeira. Irritado por a minha acção pedagógica não resultar, levantei-lhe os limpa pára-brisas.
Na Quinta-feira, lá estava o carro na passadeira. Exasperado com tanta falta de respeito pelos outros, coloquei-lhe um pauzinho na válvula do pneu dianteiro direito. O ar ficou a vazar.
Na Sexta-feira, o carro estava, uma vez mais, na passadeira. Furibundo, puxei da chave de casa e apliquei um risco profundo a todo o comprimento do carro.
No Sábado, o carro já não estava na passadeira, finalmente. «Há pessoas que só entendem a linguagem da violência» – pensei.
No Domingo, verifiquei, com horror, que o pára-brisas do meu carro, bem estacionado, estava estilhaçado. No lugar do condutor, esprei
[Foto de JC Duarte]
2 comentários:
não entendi o final da historia?
Ricardo Teixeira Batista
A estrutura do conto é circular, Ricardo. A palavra final pega com a primeira; a história é um ciclo interminável. :)
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