(Maristela Scheuer Deves)
Tudo começou certo dia quando, durante o momento cívico, o professor hasteava a bandeira e uma vespa picou-lhe a cabeça. Indignado com a audácia do inseto, o mestre declarou guerra a esses pequenos “bandidos”.
– A partir de hoje, pago um cruzeiro a quem me trouxer 100 vespas, abelhas ou marimbondos mortos – declarou aos alunos, fazendo a alegria da garotada.
Querendo incluir na lista outros animais que considerava peçonhentos, o mestre decidiu que pelo mesmo valor compraria também 10 aranhas ou um rabo de cobra venenosa. Foi um alvoroço na escola da pequena comunidade rural de Rincão Vermelho!
Daquele dia em diante, os meninos das redondezas começaram a passar todo o tempo livre à cata dos “produtos”. Se alguém destruía um ninho de vespas, lá estavam os pequenos, contando os 100 insetos para montar mais um pacotinho e levar ao professor, que pagava por eles e enterrava no quintal da escola.
– Já ganhei 10 cruzeiros – vangloriava-se Luizinho, contando as moedas comercializadas com a venda dos bichinhos.
– E eu, 12 – completava Adão, que não podia ficar para trás.
A concorrência era grande, e foi se tornando cada vez mais acirrada. Com o tempo, as crianças foram ficando mais espertas – e malandrinhas, também. Percebendo que o mestre não contava as vespas ou abelhas ao recebê-las, começaram a juntar apenas 80 ou 90 em cada pacote, pois assim rendia mais.
As aranhas também eram muito procuradas, e os alunos desenvolveram até mesmo uma técnica especial para pega-las: colocavam uma bolinha de cera na ponta de um barbante e a desciam nos buracos do quintal, como isca. Deu até briga quando Adão descobriu que Carlinhos, outro colega da terceira série, havia “pescado” umas aranhas atrás de uma mata da propriedade do seu pai.
– Se foi no terreno do meu pai, as aranhas são minhas – defendia Adão, mostrando os punhos.
– Eu é que as peguei, então elas são minhas – defendia-se Carlinhos.
O professor teve de apartar a briga, e, como já tinha pagado pelos insetos e não iria pagar duas vezes, apenas aconselhou Carlinhos a não caçar mais nas terras da família do outro menino. Adão não gostou, mas conformou-se.
A temporada de caça seguiu aberta por várias semanas. Numa segunda-feira, Luizinho ia para a escola quando, no caminho, levou um susto: quase pisou numa cobra. Acabou vendo que não era venenosa – os meninos maiores é que a tinham matado e colocado no meio da estrada, para assustar as meninas. Aproveitando a “sorte” de ela já estar morta, Luizinho cortou o rabinho do réptil, vendendo-o ao mestre como se fosse animal peçonhento.
Tendo visto o que o colega fizera, outros o delataram. Foi a gota d’água, e o professor decidiu encerrar sua guerra aos insetos e animais peçonhentos. Até porque, provavelmente, boa parte do seu salário devia estar sendo comprometida com a aquisição dos “troféus”...
– A partir de hoje, pago um cruzeiro a quem me trouxer 100 vespas, abelhas ou marimbondos mortos – declarou aos alunos, fazendo a alegria da garotada.
Querendo incluir na lista outros animais que considerava peçonhentos, o mestre decidiu que pelo mesmo valor compraria também 10 aranhas ou um rabo de cobra venenosa. Foi um alvoroço na escola da pequena comunidade rural de Rincão Vermelho!
Daquele dia em diante, os meninos das redondezas começaram a passar todo o tempo livre à cata dos “produtos”. Se alguém destruía um ninho de vespas, lá estavam os pequenos, contando os 100 insetos para montar mais um pacotinho e levar ao professor, que pagava por eles e enterrava no quintal da escola.
– Já ganhei 10 cruzeiros – vangloriava-se Luizinho, contando as moedas comercializadas com a venda dos bichinhos.
– E eu, 12 – completava Adão, que não podia ficar para trás.
A concorrência era grande, e foi se tornando cada vez mais acirrada. Com o tempo, as crianças foram ficando mais espertas – e malandrinhas, também. Percebendo que o mestre não contava as vespas ou abelhas ao recebê-las, começaram a juntar apenas 80 ou 90 em cada pacote, pois assim rendia mais.
As aranhas também eram muito procuradas, e os alunos desenvolveram até mesmo uma técnica especial para pega-las: colocavam uma bolinha de cera na ponta de um barbante e a desciam nos buracos do quintal, como isca. Deu até briga quando Adão descobriu que Carlinhos, outro colega da terceira série, havia “pescado” umas aranhas atrás de uma mata da propriedade do seu pai.
– Se foi no terreno do meu pai, as aranhas são minhas – defendia Adão, mostrando os punhos.
– Eu é que as peguei, então elas são minhas – defendia-se Carlinhos.
O professor teve de apartar a briga, e, como já tinha pagado pelos insetos e não iria pagar duas vezes, apenas aconselhou Carlinhos a não caçar mais nas terras da família do outro menino. Adão não gostou, mas conformou-se.
A temporada de caça seguiu aberta por várias semanas. Numa segunda-feira, Luizinho ia para a escola quando, no caminho, levou um susto: quase pisou numa cobra. Acabou vendo que não era venenosa – os meninos maiores é que a tinham matado e colocado no meio da estrada, para assustar as meninas. Aproveitando a “sorte” de ela já estar morta, Luizinho cortou o rabinho do réptil, vendendo-o ao mestre como se fosse animal peçonhento.
Tendo visto o que o colega fizera, outros o delataram. Foi a gota d’água, e o professor decidiu encerrar sua guerra aos insetos e animais peçonhentos. Até porque, provavelmente, boa parte do seu salário devia estar sendo comprometida com a aquisição dos “troféus”...
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