Oscar Wilde
trad.: Henry Alfred Bugalho
Quando Narciso morreu, o lago de seu prazer, de um cálice de águas doces, transformou-se num cálice de lágrimas salgadas, e as Oreades vieram se lamentando, através da floresta, para que pudessem cantar para o lago e confortá-lo.
E quando elas viram que o lago havia se transformado dum cálice de águas doces para um cálice de águas salgadas, elas soltaram as verdes tranças, choraram para o lago e disse:
— Não nos surpreende que você pranteie Narciso desta maneira, de tão belo que ele era.
— Mas Narciso era belo? — perguntou o lago.
— Quem saberia melhor do que você? — responderam as Oreades. Por nós ele sempre passou ao largo, mas por você ele procurava, e se debruçava às suas margens e fitava-o, e, no espelho de suas águas, ele espelhava a própria beleza.
E o lago respondeu: — Mas eu amava Narciso porque, enquanto ele se debruçava às minhas margens e fitava-me, no espelho dos olhos deles eu via minha própria beleza espelhada.
fonte: http://www.oscarwildecollection.com/
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