Quando Ismália enlouqueceu,
Devaneio simbolista,
Sem querer subverteu
Todo o código machista.
Ao dar asas à loucura,
Ao sonho em seu apogeu,
Destoou da partitura,
Grave crime cometeu.
Ao deixar de ser pintura,
A mulher inconformista
Provocou a ruptura
Do machismo oitocentista.
É melhor chamá-la louca,
Condenando-lhe a postura,
A deixar sair da boca
Uma blasfêmia futura.
Morre, então, a pobre Ismália,
Com seu cantar libertino.
E, em tom de represália,
Dizem que perdeu o tino.
É esse, enfim, o destino
Da mulher que desafia:
Seu lamento é clandestino;
O seu cantar, heresia.
3 comentários:
Muito lindo este poema! Possui sua marca nele registrada.Parabéns!!
Obrigada, Cris. E ele está mais atual do que nunca. Infelizmente.
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