A DOR E O ESPANTALHO

Espanta o pranto, espantalho!
Espanta a tristeza que aponta.
Espana a poeira dos dias
Que no ocaso desapontam.

Espanta o pranto, espantalho!
São teus os corvos e abutres
Que sobrevoam, lascivos,
O plantio de que nutres
Teu território macabro.

E quando não houver pranto
Nem pratos onde cuspir,
Olha pra cima e gargalha
Pois, se eles querem carniça,
Não te legam nem migalha.

Corta os pulsos, espantalho,
E espanta a covardia.
Teu sangue não é de barata,
Mas tua essência, já falha,
A que dentro ainda ardia,
Era o coração de palha.

Comentários

  1. Belo poema, Tatiana! Ritmo e desenvolvimento do tema envolventes, com escolha vocabular impecável. Parabéns!

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  2. Muito obrigada, Edelson! Um elogio seu é sempre muito bem-vindo!

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  3. Poesia é "pior" que fotografia, nada a falar. Li, gostei. Só.
    Otávio Martins.

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  4. Tatiana, adorei o poema. Bem ritmado, combina beleza e força. Abraços, poetisa!

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  5. Obrigada, Otávio e André.
    Um abraço

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