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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A DOR E O ESPANTALHO

Espanta o pranto, espantalho!
Espanta a tristeza que aponta.
Espana a poeira dos dias
Que no ocaso desapontam.

Espanta o pranto, espantalho!
São teus os corvos e abutres
Que sobrevoam, lascivos,
O plantio de que nutres
Teu território macabro.

E quando não houver pranto
Nem pratos onde cuspir,
Olha pra cima e gargalha
Pois, se eles querem carniça,
Não te legam nem migalha.

Corta os pulsos, espantalho,
E espanta a covardia.
Teu sangue não é de barata,
Mas tua essência, já falha,
A que dentro ainda ardia,
Era o coração de palha.

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Tatiana Alves
Tatiana Alves é poeta, contista e ensaísta. Participou de diversos concursos literários, tendo obtido vários prêmios. É colaboradora da Revista Samizdat, já tendo escrito para os sites Anjos de Prata, Cronópios, Germina Literatura e Escritoras Suicidas. É filiada à APPERJ, à Academia Cachoeirense de Letras e à AEILIJ. Possui nove livros publicados. É Doutora em Letras e leciona Língua Portuguesa e Literatura no CEFET / RJ.

todo dia 02


6 comentários:

Belo poema, Tatiana! Ritmo e desenvolvimento do tema envolventes, com escolha vocabular impecável. Parabéns!

Muito obrigada, Edelson! Um elogio seu é sempre muito bem-vindo!

Poesia é "pior" que fotografia, nada a falar. Li, gostei. Só.
Otávio Martins.

Tatiana, adorei o poema. Bem ritmado, combina beleza e força. Abraços, poetisa!

Obrigada, Otávio e André.
Um abraço

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