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terça-feira, 28 de abril de 2015

TIQUIRA             Analfabeta, burra, mais ignorante que a filha da Naná Marisqueira. Atoleimada, lerda, uma mula, uma besta, desmiolada e sem futuro. Mesmo assim, Marlene matou o traste do Pajé e fugiu de Barra do Corda.         ...





segunda-feira, 27 de abril de 2015

Colcha de Retalhos #8

Seguem alguns breves textos da coluna Colcha de Retalhos, homônima do livro que está disponível gratuitamente AQUI: VENDO-ME Rendo-me a esta situação deplorável. Entrego-me a este sujeito desprezível. Deixo-me levar como cadela afável. E vendo-me, no espelho, ajeito batom e rímel. ALIVIADO Puxou...





domingo, 26 de abril de 2015

SLU no Diário de uma PhD

Era pra ser um mero estudo de caso. Corriqueiro. Pesquisa socioantropológica de praxe. Embasaria meu próximo artigo em publicação nacional, quiçá inglesa. Paperzinho extra no meu currículo Lattes. Metodologia adequada. Exata delimitação do corpus. Prazo determinado. Mas sabe que os estudos desandam, né? De repente, a vida desrespeita a ciência — se é que já houve, de fato, obediência e respeito mútuos entre essas duas obstinadas senhoras. Confesso que me envolvi....





sábado, 25 de abril de 2015

Monumento ao 25 de Abril ... O

Perante uma obra de arte, cada observador faz dela uma leitura diferente, o que atesta a multiplicidade de sentidos que as obras de arte, geralmente, têm, mas que também reflete a diversidade de cultura, de aspirações e de conceção do mundo dos observadores. Perante o monumento de João Cutileiro...





sexta-feira, 24 de abril de 2015

TROVA DE EDWEINE LOUREIRO _ TEMA: CEREJEIRA

Embora breve, uma flor num galho da cerejeira ensina lições de amor que valem a vida inteira. (Edweine Loureiro Saitama – Japã...





quarta-feira, 22 de abril de 2015

Segunda voz

Destino é invenção de gente insegura. Diná as vezes tinha vontade de mandar fazer uma camiseta com a sentença estampada em caixa alta. Em vermelho sinaleira, para não restar dúvida e evitar a aproximação da turma do “Deus sabe o que faz”. Consciente de que andava azeda, entendia também que a fossa era inevitável. Tinha obrigação de cumprir o ciclo cinza até o final, esgotar a dor, antes de retomar o colorido. Podia lidar com contratempos, com imprevistos,...





terça-feira, 21 de abril de 2015

Via Láctea

Viajou dentro da constelação de sardas que banhava o colo nu vialactante da amada, aterrissando no canyon de seus seios cujas aréolas rosáceas destacavam-se à luz artificial feito Fobos e Deimos no horizonte marciano. Pós-cópula, continuaram assim, juntinhos, orgulhoso primeiro casal de astronautas a se amarem no espaço infinit...





segunda-feira, 20 de abril de 2015

A moça que errou de porta

                                                                           José Guilherme Vereza Mudanças são detestáveis. Em menos de 4 anos, por três ocasiões, Alexandrino praguejou o destino e a má vontade geral dos senhorios, atravancado entre caixas e mais caixas...





sábado, 18 de abril de 2015

Fragmentos de areia

                         Uma concha às vezes aparece, mas geralmente caminho sozinha sobre minhas farpas e me perco. Me acho, depois me desacho e penso não vou me suportar. Então vêm as ondas e me recobrem, afogam – eu que sei quase...





Habemus manifesto

Pai, olha mais um novo manifesto. A febre está em 39 graus. Não adianta um termômetro. O remédio não serve e leva uma multidão indignada para as ruas do país. Diferente do teu tempo, né? Lá em 68 a marcha era interrompida. O estampido não era de um fuzil, mas de um forte raio que caia sobre a cabeça de tanta gente. 15 de março 12 de abril Condição febril de muita gente, grande parte com plano de saúde, mal atendido e escutando o jornal sobre a situação...





sexta-feira, 17 de abril de 2015

Quando acabei de acordar

                                         Pernilongo, não venha morder pela manhã, quando acabei de acordar... ...





quinta-feira, 16 de abril de 2015

O menino

São os olhos dele que não me deixam dormir. Os olhos opacos, estáticos, engessados, pousados na ausência. Eles não pedem, esses olhos. Não se movem em buscas. Sabem que seja nos arredores, seja no imensurável do longe, o que há é o nada. Não, não é. Antes fosse o nada. Esse vazio que não...





quarta-feira, 15 de abril de 2015

Que Deus o guarde

Ela trazia-o na algibeira da saia, um bolso estreito e fundo que se desprendia a partir da cintura como se fosse alforge. Um dia mostrou-mo. Nesse dia, fiquei sabendo do relógio e fiquei sabendo que aquele bolso podia conter tesouros. De vez em quando,...





sábado, 11 de abril de 2015

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Meu canto de amor é como um gemido do blues rasgado sofrido melodioso perdido como os apelos desencantados da vida...





sexta-feira, 10 de abril de 2015

Notas desde o Fim do Mundo (excerto)

Notas desde o Fim do Mundo Texto e tradução: Henry Alfred Bugalho Manuscrito recuperado em um sotão em New Lexington, OH (EUA) Robert Campbell, Jr. Porque escrevo Eu escrevo. Por quê? Porque não há nada mais para se fazer. Porque não há mais ninguém com quem conversar. Porque é...





quinta-feira, 9 de abril de 2015

Pequeno excerto de Páscoa Fernanda Fatureto Em 5/4: É Páscoa e escrevo. A chuva cai delicadamente sobre as plantas. A cidade cinza começa a acender suas luzes e o vento frio corta a pele. Há muito a Páscoa ressoa como um mito cristão distante que nos obrigada ao confessário para relembrar o quanto somos bons conosco e cruéis com os outros. A páscoa nos impele para o paladar doce – um conforto útil para nossas almas (palavra gasta pelo evangélio):...





Carta ao filho

Samuel, Não tenho muito a dizer. Apenas o necessário que até hoje não obtive de sua atenção. Você me acusa, sempre. Sobre os mais variados problemas, com os mais discrepantes argumentos – se é que se pode chamar de argumento as frases curtas, desconexas de sentido em sua concepção, apinhadas...





quarta-feira, 8 de abril de 2015

Dindinha

publicado originalmente em http://f417s-d1ver5.blogspot.com.br de 19 a 28 de fevereiro de 2015  A maior parte das crianças da vila nasceu na própria vila, e todas seguiam vivendo ali até o fim. Dizer “nascer na vila” quer dizer ter nascido mesmo lá, nas próprias casas, vindos à luz da vila pelas mãos da Velha, a parteira. A Velha tinha uma neta, ou até bisneta, porque a Velha era muito velha, e a guria que andava com ela, sua ajudante...