Pequeno excerto de Páscoa
Fernanda Fatureto
Em 5/4: É Páscoa e escrevo. A chuva cai
delicadamente sobre as plantas. A cidade cinza começa a acender suas
luzes e o vento frio corta a pele. Há muito a Páscoa ressoa como um
mito cristão distante que nos obrigada ao confessário para
relembrar o quanto somos bons conosco e cruéis com os outros. A páscoa nos impele para o paladar
doce – um conforto útil para nossas almas (palavra gasta pelo
evangélio): ainda acreditamos que a alma existe?
Ao
retomar o trajeto para casa, vejo meninos nos faróis e penso no
menino Jesus. Todas as
vidas deveriam valer o mesmo.
A publicidade dos painéis da cidade mostram ovos de chocolate e logo esquecemos de Jesus. Como esqueceremos que todas as vidas devem ter o mesmo valor. Uma páscoa esquecida.
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