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sábado, 18 de abril de 2015

Fragmentos de areia


         
        
      Uma concha às vezes aparece, mas geralmente caminho sozinha sobre minhas farpas e me perco. Me acho, depois me desacho e penso não vou me suportar. Então vêm as ondas e me recobrem, afogam – eu que sei quase nada de caminhos, sede, calor. Eu que sei tão pouco dos meus grãos finos, ligeiros e arrependidos, distorcidos a tal maneira que nem sei se consigo um dia fazer deles um punhado, em minhas mãos, e deste punhado um corpo, objeto, ser.
O vento me desfez muitas vezes, mas sigo. É doce mudar de direção, despertar, abrir-me ao mundo e com ele me encontrar. Vagar sem ser onda, sendo só grãos de areia que procuram um corpo, o meu, o seu, e que não querem apenas se dissipar. Querem ferver, fritar, fissurar.
Atrito. A areia se cola a meus pés e pernas e arde. Dói, irrita, quero tirá-la, mas a cada vez que vou lavar-me, preciso regressar e ela se gruda novamente. É pegajosa, sinto vontade de rolar, me recobrir toda, e olho para você, que ri de mim e se diverte. Vejo, me acha tresloucada, daí te puxo para mim.
Com minhas mãos arenosas aperto teu pau e te provoco, quero sentir tua língua lambendo minha areia. Jogo um punhado dela, areia, nos pelos do teu peito e te faço rolar comigo. Podemos fazer o que quisermos, não há testemunhas. Até comer areia, e eu passo alguns grãos na minha língua, só um pouquinho, e dou para você provar. Beijo tua boca e esfrego areia no teus ombros. O vento bate e desorienta meus cabelos, sei que nossa areia não ficará gravada. Depois nos lavaremos, e no banho nossos corpos não serão os mesmos. Agora os quero sujos.

Teu pau arenoso roça em mim e cava uma abertura triturante, os grãos vêm junto. Eles me ferem por dentro, mas eu gosto e peço que enfie fundo. Solto o biquíni, espalho areia em meus seios. Percebo querer muitos seios, e já não sei se sonho, se é a areia que vem e mistura tudo, mas dou alguns seios para você. E teu corpo, mãos e pés grandes, arredondados, macios, a nuca forte e larga. Ah, teu corpo está tão repleto que gozo de te ver, a boca no mamilo salgado, e caio para trás, estertorada e gemente.

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