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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

SAMIZDAT 39 - Como nossos pais

Samizdat 39 - Como nossos pais by Henry Alfred Bugalho Por que Samizdat?, Henry Alfred Bugalho AUTOR EM LÍNGUA PORTUGUESA Os Nossos Filhos, em Casa, na Rua, no Passeio, no Liceu, no Colégio, Ramalho Ortigão RECOMENDAÇÕES DE LEITURA Um personagem em busca de seu autor – Tão longo amor, tão curta...





terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Procura da crônica

É do feitio da crônica estar em toda parte. Está nos acontecimentos e desacontecimentos. Está num olhar, num silêncio, numa lágrima. Está no que quase ninguém vê. Está no que se inventa. Está no inventário das horas. Está de braços dados com o lúdico, está nos incidentes pessoais. Está...





segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Indescritível

Quando abri a porta, ela ainda estava secando as pernas: com o pé direito sobre o assento da privada, esfregava-o com uma ponta da toalha enquanto a outra ponta repousava leve e casualmente sobre a coxa. O que mais me chamava atenção, no entanto, era o vapor inebriante que tomava conta daquele ambiente...





domingo, 26 de janeiro de 2014

Pequenos milagres

Mariana encolheu os ombros: -  Não sei. João encolheu os seus: -  Eu também não. Ficaram calados, os olhos fixos no horizonte de casas e carros, cada um deles perdido na sua imensidão de pensamentos. -  Podemos falar com ele. -  Para quê? Já falámos, ele nem ouve. Vai dizendo que sim, que sim e se lhe perguntares depois o que é que dissemos, ele não sabe responder. Nem ouve. -  Mas não podemos ficar sem fazer nada, ele vai...





sábado, 25 de janeiro de 2014

Sempre Assim Será

Joaquim Bispo O meu nome é Lobulfo, chefe do clã dos Mamutin. Falo-vos do fundo dos tempos, na vossa linguagem artificiosa, para que me entendais. Sou filho de Ursácuo e de Bagulfa. Dela, mal me lembro, porque morreu com um filho preso no ventre, ainda eu era criança. Sei que fiquei muito...





sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

QUIOTO

      Passei o ano novo numa das cidades japonesas que mais me fascinam: Quioto (em Japonês, Kyōto). Não é uma novidade, pois meus sogros residem lá. Inclusive, em 2010, quando retornei do Brasil, morei quatro meses na belíssima (e mística) cidade.   Mas, ao contrário do...





quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Distâncias intransponíveis

Há distâncias intransponíveis. Veio assim, de repente essa certeza. Foi como se eu tivesse descoberto uma verdade universal. Foi a primeira vez que me ocorreu esse pensamento: de que há distâncias que não podem ser alcançadas. Até então eu nunca havia imaginado que uma frase, três palavras poderiam servir para explicar alguns comportamentos. E não vejo outra maneira de explicar um aspecto da natureza humana sem recorrer a esse pensamento determinista:...





quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Ivovivo

Na sala de espera do consultório do dentista, um menino aguarda o retorno da mãe ao fim da consulta. A secretária distraída mal percebe a presença da criança que balança as pernas no ar, sentada na beira da cadeira. Inquieto, João tem pouco menos de cinco anos e olhos muito redondos e piscantes....





terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O Cheiro da Carne Queimada

Os odores alquímicos vindos da cozinha inebriavam os cômodos da pequena casa geminada. O tempero de Maria serpenteava para fora do seu lar, invadia a vila e, através dos vapores, anunciava à vizinhança que à noite o casal talvez se reconciliasse. Quem sabe o aroma da comida de Maria sepultasse a...





segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

HORA DE ABRIR A CAIXA

Ela chegou perguntando tudo. Quem tinha decorado o apartamento, quem tinha preparado a mesa, quem tinha acendido as velas. Reparou as gravuras de Gerchman, os livros mal arrumados na prateleira, a altura do rodapé.  Varreu com os olhos o quarto, sorriu com a cama King Size, pendurou a mochilinha no cabideiro torto e largou as sandálias no tapete. Não bisbilhotou o banheiro, mas voltou direto para a cozinha, onde abriu a geladeira, elogiou o Bordeaux Rose...





domingo, 19 de janeiro de 2014

Duas faces do eu

A manhã é uma epopeia. A tarde, largada no meio do jardim de palavras é poesia lírica da mais remota, a mais idealizada. No meio do caos instaurado, entre vivência e sobrevivência, a linha que divide o ser escravo do ser um pouco menos escravizado, há o sol, um céu azul com bolas de neve suspensas....





sábado, 18 de janeiro de 2014

O TEMPO

Otávio Martins    Os passos já não são mais tão firmes; até quando, determinados, procuram escolher a direção; o destino. O tempo, ainda que se mostre quase imperceptível, vai deixando as suas marcas e, com elas, inexoráveis mudanças.  Algumas, claramente, visíveis. Outras, apenas sentidas. Ah, esse meu pensar, livre, só pensar...    Isso só é percebido através da sua implacabilidade. Agindo sutilmente, sem se deixar notar. Não...





sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Acontecendo - Poema de José Luis Queiroz

Acontecendo Por que aconteço? Respondas, agora: estou do avesso ou estou pela hora? Por que aconteço, ó minha senhora? Que falta de apreço de quem me escora. Não sei de onde vim, nem para onde vou; nem sei se há fim ou se começou. Por que aconteço e raio com a aurora? Por que o crepúsculo me tinge de outrora? Outrora fui outro, e agora eu não sei; se o outro está morto ou se segue a lei. Por que aconteço e ninguém decora; o texto da vida do ser que...





quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Desejo

Olhou-a pelo canto do olho. Timidamente. Nada. Nenhum gesto, nenhum sinal de que ela o percebia ali tão próximo. Tossiu, esperando que o barulho a fizesse virar-se. Ao contrário. Ela abaixou ainda mais a cabeça na direção da revista que a entretinha. Podia jurar que a tinha irritado. Será? Era assim...