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sábado, 25 de outubro de 2008

Ninfa

“Sagueava” pelo Universo estradaArrastando comigo o lancinarDa parte minha que faltava,A buscar nas flores e nas melodiasO bálsamo à vida, o ópio à existência.De uma brisa impacto, ao sabor dos meus tímpanos,Se infiltra em mim a Música Monalisa de uma Ninfa Paisagem.Ao querer do vento, vago a erigir altares à tão escultural voz.Toco suas notas que nem Rodin poderia ter talhado.Mas foge-me... Não! Afasta-se apenas...Fujo-lhe por admiração. Nego-lhe meus sentidosPor...





sexta-feira, 24 de outubro de 2008

AS NOIVAS DE PRETO

(Maristela Scheuer Deves)Aquelas velhas fotografias de noivas vestidas de preto sempre tinham me intrigado, desde que eu as encontrara em um velho baú no sótão da casa de meus avós. Eu tinha uns doze ou treze anos na ocasião. Curiosa como todos são nessa idade, corri perguntar à minha avó quem eram aquelas mulheres e por que tinham se casado assim. Sua reação, no entanto, deixou-me intrigada.Em vez de responder à minha inocente pergunta, ela ficou olhando...





quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Encontro com Joaquim Maria- Giselle Sato

Desci a rua do Ouvidor pensando em minhas maiores paixões, as boas graças femininas e a literatura. Não necessariamente nesta ordem:- O cavalheiro deixou cair este envelope, por muito pouco não se perde, precisei correr para acompanhar seus passos.- Meu manuscrito! Não sei como agradecer, nem dei conta,...





terça-feira, 21 de outubro de 2008

Náufrago

náufragoera preciso que se agarrassea qualquer pedra, ou planta, ou algaque alcançasse, com o pé, apoioum só ponto que fosseou que enchesse de ar o peitoaté se tornar, ele próprio, bóia...era preciso que houvesse algoera imperativo que achassea pedra, a planta, o apoioera ugente que se lembrasseao menos, de respirar...sem saber como ir para cima ou para baixosem saber onde o sul, onde o nortepor momentos fechava os olhos, entorpecido,imaginava-se em doces...





domingo, 19 de outubro de 2008

Poemas

O quarto escuroNum quarto escuro você está enclausurada Porta alguma você vê ou deseja Satisfeita está, com sua morada.Um dia, porém, em seu peito flameja Calor tal, que a impele à retirada De si mesma, onde sua alma é presa.Muito tempo passa, mas chave certa encontra Para abrir tal negríssima porta Que à sua vista cansada desponta.Tal tristeza, que em seu coração aporta Pois dum mundo novo visão a assombra Que você deseja cair morta.Súbita coragem em seu...





sábado, 18 de outubro de 2008

Novas tendências

Joaquim BispoUltimamente, muitas são as mulheres, das que aparecem nas televisões ou que aspiram a isso, que mandam encher os lábios com silicone ou os envenenam com Botox. Algumas exageraram ou a coisa não correu bem - pensei eu - porque ficaram com uma boca a fazer lembrar o ânus de um macaco. A comparação ouvi-a, há tempos, ao observador e provocador humorista Herman José, e reflecte na perfeição o que está a acontecer. A explicação é muito psicanalítica...





Angústias urbanas- Giselle Sato

A violência atingiu um grau absurdo, somos reféns dentro das nossas casas e cidades. O jornal estampa crimes covardes, vidas roubadas em finais infelizes.Ações policiais mal-sucedidas , tiros que não deveriam ter sido disparados. Falta de preparo, ansiedade, desespero, não é hora de apontar culpados....





sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Poemas de Emily Dickinson

tradução: Henry Alfred BugalhoCoração, nós o esqueceremos!Coração, nós o esqueceremos!Eu e ti, hoje à noite.Deves te esquecer do acalento que ele nos deu,Que eu me esquecerei do lume.Quando o houveres feito, diga-me te suplico,Que aos meus pensamentos toldarei;Apressa-te! Que enquanto te tardas,Dele...





A Estrada não Percorrida, de Robert Frost

Tradução: Henry Alfred BugalhoEstradas se bifurcavam num amarelado bosque,E me ressenti não poder ambas percorrerSendo um só viajante, por muito me detiveE observei uma até quão longe pudeAté onde na vegetação ela se encurvava.Então segui pela outra, tão boa quanto,E talvez por ter melhor reclame,Por...





quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Pastel de Vento

Os fenômenos emergentes da fronteira imaginária que dividem emoção e razão nos levam a considerar todas as alternativas e subalternativas referentes a este paradigma. Segundo Paul Freeman, tais acontecimentos derivam de fatores extra sensoriais e não corroborariam de um método altamente qualificado e posterior a todos os estudos intrisicamente desapegados ao sistema de múltiplas variantes e constâncias.Pesquisas comprovam que todo este maniqueísmo ultra-reflexivo...





quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Entrevista: Rui Zink

Rui Zink (Lisboa, 1961) é um escritor português com extensa e variada obra publicada de que salienta os romances Hotel Lusitano (1987), Apocalipse Nau (1996), O Suplente (1999) e Os Surfistas (2001), e os livros de contos A Realidade Agora a Cores (1988) e Homens-Aranhas (1994). Lança o seu último romance, O Destino Turístico, em finais deste Outubro. Recebeu o Prémio do P.E.N. Clube Português pelo romance Dávida Divina (2004), e tem representado o país em...





Colóquio entre roedores, ou não.

Volmar Camargo Junior   Coelho — E aí, rato! Como andam os processos contra as empresas? Rato — Contra a dos computadores eu ganhei ano passado. Mas difícil mesmo está contra a dos desenhos animados. Os advogados deles são umas cobras. E tu, coelhinho, conseguiu alguma coisa da revista? Coelho — Nada. Quer dizer, consegui o telefone de umas gatas...   ***   Rato — Mas e então, coelhinho... como é a experiência de pôr ovos de páscoa?...





terça-feira, 14 de outubro de 2008

Microcontos

Presente de NatalO menino desembrulhou o presente.— E aí, filhão, gostou?— Eu queria o azul! — e foi brincar com as bolas coloridas da árvore.***NeuróticaMatou o marido com uma escova-de-dentes.***AutoconhecimentoPartiu para a Índia em busca de si mesmo, mas só encontrou uma intoxicação aliment...





Microcontos

Por Denis CruzVontade de MandarRui não conseguia que a esposa obedecesse suas ordens.Então, teve dois filhos, pois assim poderia mandar neles.Hoje, sua prole tem 14 e 16 anos e nunca foram obedientes. Quero Dizer que te amoMinha querida esposa, eu queria dizer que... ah? Acabou o gás? Claro, claro, vou pedir outro. Eu queria... O quê? A pia tá entupida? Certo, eu já arrumo, mas antes queria dizer que... Meus sapatos? Eu não podia entrar no quarto com os...





segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Três poesias

Bichinho de contaDe feitos defeitos nicho bem apertado e fechadoDe leite deleite por tantos portantos por contaÉs diz que diz não diz, léxico, disléxico controladoO mais são ignorados direitos, vida de outra pontaCor, de cor, acção, decoração de coração!És entrada e saída de lixo e não te interessasDesaire, de Zaire, transmitido, exclusivo directoFalta demorada de tecto, de morada, detectoSempre de ti partes e a ti enroscado regressasCor, de cor, acção, decoração...





domingo, 12 de outubro de 2008

Lua – Sol – eu

Guilherme Augusto RodriguesA Lua solitáriaQue ama o SolSempre tão bela no céuQueria vestir véuE se casar.Sol, sozinho, ardente!Lua e Sol se amam.Se vêem em eclipsesMas nunca ficam juntos.A Lua sempre tão belaPassa noites em claroPelo seu amor.Sozinha, sempre alegre, espalha amor.Olhando.Eu, solitário,Me convençoQue assim devo fic...





Reencontro

Guilherme Augusto RodriguesAquele rapaz sentado à mesa do bar tinha me chamado à atenção. Principalmente por tomar um refrigerante de uva! Poderia tomar qualquer coisa, mas refrigerante de uva era o mais barato do mercado! Isso já seria suficiente para muitas mulheres desistirem logo de cara. Prova de que é um pobretão falido.Tinha o olhar sereno de um sábio. Era calmo e transparecia ter lido vários livros, conhecedor de muitas coisas. Achei que poderia tomar...





sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Paradoxo da Morte

— Lisa quer sair para fazer cocô, querido — era verdade, a cachorrinha estava cheirando a coleira, dependurada perto do interfone.Antônio coçou a barriga roliça e peluda, botou o controle remoto de lado e, sôfrego, se levantou. Maria fazia as unhas na cozinha, pé apoiado na cadeira, algodão entre os dedos.— Estou indo — ele vestiu uma camiseta e calçou as Havaianas. Engatou a guia na vira-lata e saiu,— Vou deixar a porta aberta, ‘tá? Já voltamos.— Só não deixe...





A Atualidade do Conto

O conto é provavelmente a primeira forma narrativa da Humanidade. Sua origem se confunde com a necessidade intrínseca do ser humano de contar uma história a seus pares.Tudo começa com uma história, o que há para ser contado, o enredo. O conto é curto o suficiente para entreter e não entediar quem o ouve ou lê, mas longo o suficiente para ocupar o tempo dos ouvintes/leitores.Esta unidade temporal é a base do conto: uma história, um evento, com brevidade.Mas...





quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Você conhece o Indriso?

  Volmar Camargo Junior     Por mais que pareça, Indriso não é nome de gente. Quer dizer... pode até ser, se você é daquelas pessoas que coleciona nomes curiosos para dar aos filhos. Nesse caso, inclua aí em sua lista os nomes Ode, Soneto, Rondó, Quadrinha, Haicai ou, quem sabe, Poetrix....





quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Laboratório Poético

Volmar Camargo JuniorDistância      entre         nós       um         dois espaço  O Sonho   Sonho que o sonho é o fim. Cego, estranho, falho, Esqueço o que sonho de mim.     O verso e o nada   Haveria canção no Universo Se inverso fosse este nada, E nada estivesse em verso.     O tempo, o...





Companhia Limitada

Volmar Camargo Junior                     João Barros, engenheiro civil, levou seu currículo a uma empreiteira.               No primeiro dia de trabalho, o chefe mandou-o descarregar uma caçamba de areia, carregar cinqüenta sacos de cimento, empilhar dez milheiros de tijolos furados e, antes do fim da tarde, devia lavar...