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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Três poesias

Bichinho de conta

De feitos defeitos nicho bem apertado e fechado
De leite deleite por tantos portantos por conta
És diz que diz não diz, léxico, disléxico controlado
O mais são ignorados direitos, vida de outra ponta

Cor, de cor, acção, decoração de coração!

És entrada e saída de lixo e não te interessas
Desaire, de Zaire, transmitido, exclusivo directo
Falta demorada de tecto, de morada, detecto
Sempre de ti partes e a ti enroscado regressas

Cor, de cor, acção, decoração de coração!

Bichinho de conta, em mundo "faz de conta" falcão
Nessa com posição decomposição de composição
Jogando tudo e o todo e os outros todos pro vento
Quando mais conta na conta teu gordo provento


Hoje sou...

Tronco oco pouco do nada,
flutuar ao abandono para lugar nenhum,
muitos diversos tantos e tanto não tanto um...

Sou início efémero de tarefa que acabei
e substâncias variadas de ser que já não sei,
um rasto gasto e vão em olhar do devir ausente

Sou vida ocupada procurando de mim,
forçar danado em rotina estática, retina de fim,
uma percepção terrena, plena perfeita ilusão de gente

Sou o Hoje, o eu e o tu, sou assim
Luz pálida de diferente dizer de adeus, 
Restos que voam de restos de mim...

Sentir

Como leve tocar nas barbas do riso do vento
Como um ter de corpo em escarnecer do tempo,
és vitória doce e ser outro ser como se de nós fosse

Como observar nítido com o olhar fechado,
em mundo infinito, em dor e amor e grito calado,
és um ser de não mais ter, és tanto tão querer

Como nós, assim és tu: sentir de sentir imperfeito
solta argamassa, pedaço de raça, escura que é a taça...

de que sou feito!

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1 comentários:

Que poderoso esse poema "Sentir", Zé. Pela "estrutura", se isso existe, é praticamente um indriso (leu meu artigo esse mês?). Estava com saudade de teus poemas.

Ótimo.

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