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quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Laboratório Poético

Volmar Camargo Junior


Distância

 

   entre         nós

      um         dois

espaço




 

O Sonho

 

Sonho que o sonho é o fim.

Cego, estranho, falho,

Esqueço o que sonho de mim.

 

 

O verso e o nada

 

Haveria canção no Universo

Se inverso fosse este nada,

E nada estivesse em verso.

 

 

O tempo, o verbo e o verso

 

Um ilude,

E o outro finge;

O terceiro acontece.



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Esquecimento

 

 

Não tenho paciência

Para a contemplação.

Cada quadro dessa galeria

Revela a justeza por que caminho,

As asperezas, as doloridas

Coisas, as jamais calejadas mãos,

Os impossíveis desapegos,

As tantas outras impropriedades

Que esqueço.

 

Não tenho paciência

Para o sono.

A perfídia do leito

Absorve cada hora perdida,

Cada fio de cabelo,

Os princípios e os fins,

As cãibras e

Os tantos sonhos vãos

Que esqueço.

 

Não tenho paciência

Para a poesia.

A tortura, a morte, a dor,

O rancor e a solidão

Não se enamoram de mim,

E nem eu pretendo dizer

“ouço estrelas”, ora,

Fujo desse destino tolo e dessa cruz

Que esqueço.

 

Não tenho paz.

Andam ao meu redor e imploram que eu as queira bem.

Eu ando, eu fujo, eu juro, eu tento

Mas tropeço e caio sempre no mesmo lugar.

Então, vencido

Pelas coisas mortas,

Pelas horas mortas,

Pelas letras mortas,

Esqueço.

 

Vencido, sou o nunca.

Sou o nada.

Sou o pó de uma rua velha,

Numa casa velha,

Num mundo invisível e velho.

Querer é um eco, que ecoa, e ecoa

Nesse templo vazio e oco

Que as coisas, as pálpebras e as palavras sabem

Que esqueço.

 

Não, eu não tenho mais paciência.

Urge a fome que há em mim

E tudo será engolido

E não terá gosto algum o que me nutre

Como sensaborões são o pó, o nada, o nunca,

A poesia, o sono e a vida.

Sim, eu sonho com esse óbolo,

Todas as noites, por horas, e ao levantar

Esqueço.

 


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