Distância
entre nós
um dois
espaço
O Sonho
Sonho que o sonho é o fim.
Cego, estranho, falho,
Esqueço o que sonho de mim.
O verso e o nada
Haveria canção no Universo
Se inverso fosse este nada,
E nada estivesse em verso.
O tempo, o verbo e o verso
Um ilude,
E o outro finge;
O terceiro acontece.
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Esquecimento
Não tenho paciência
Para a contemplação.
Cada quadro dessa galeria
Revela a justeza por que caminho,
As asperezas, as doloridas
Coisas, as jamais calejadas mãos,
Os impossíveis desapegos,
As tantas outras impropriedades
Que esqueço.
Não tenho paciência
Para o sono.
A perfídia do leito
Absorve cada hora perdida,
Cada fio de cabelo,
Os princípios e os fins,
As cãibras e
Os tantos sonhos vãos
Que esqueço.
Não tenho paciência
Para a poesia.
A tortura, a morte, a dor,
O rancor e a solidão
Não se enamoram de mim,
E nem eu pretendo dizer
“ouço estrelas”, ora,
Fujo desse destino tolo e dessa cruz
Que esqueço.
Não tenho paz.
Andam ao meu redor e imploram que eu as queira bem.
Eu ando, eu fujo, eu juro, eu tento
Mas tropeço e caio sempre no mesmo lugar.
Então, vencido
Pelas coisas mortas,
Pelas horas mortas,
Pelas letras mortas,
Esqueço.
Vencido, sou o nunca.
Sou o nada.
Sou o pó de uma rua velha,
Numa casa velha,
Num mundo invisível e velho.
Querer é um eco, que ecoa, e ecoa
Nesse templo vazio e oco
Que as coisas, as pálpebras e as palavras sabem
Que esqueço.
Não, eu não tenho mais paciência.
Urge a fome que há em mim
E tudo será engolido
E não terá gosto algum o que me nutre
Como sensaborões são o pó, o nada, o nunca,
A poesia, o sono e a vida.
Sim, eu sonho com esse óbolo,
Todas as noites, por horas, e ao levantar
Esqueço.
1 comentários:
muito bom, volmar! o contador de causos está me saindo um poeta e tanto!!
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