Receba Samizdat em seu e-mail

Delivered by FeedBurner

sábado, 18 de outubro de 2008

Angústias urbanas- Giselle Sato


A violência atingiu um grau absurdo, somos reféns dentro das nossas casas e cidades. O jornal estampa crimes covardes, vidas roubadas em finais infelizes.
Ações policiais mal-sucedidas , tiros que não deveriam ter sido disparados. Falta de preparo, ansiedade, desespero, não é hora de apontar culpados. Precisamos de soluções imediatas.

Vivo reclusa em uma vila no subúrbio, minha casa tem grades imensas, muros que deveriam me proteger. Mas não é isto que ocorre, recebo os jornais, ouço as notícias, vizinhos comentam os crimes diários. Sigo apavorada, cercada de favelas e fantasmas. Refém do medo.

Cruzo avenidas sempre atenta aos estranhos, as calçadas transformaram-se em campo minado. Não é exagero, a guerrilha urbana é fato.
Adorava passear pelas ruas do centro da cidade aos sábados. Percorria as ruelas fervilhando de gente animada, famílias fazendo compras e provando delícias nos quiosques de comida árabe. O burburinho soava como música, felicidade encontrada na simplicidade de caminhar no meio do povo.

A última vez que ousei repetir o passeio, a magia havia sido substituída por seguranças, avisos de cuidado, vendedores desconfiados e muitas lojas fechadas. Sinto que minha cidade não é mais tão bonita, perdeu o viço e a liberdade.


Bairros transformaram-se em uma grande vitrine de marginalidade e descaso público. Turistas não encontram a princesinha do mar, tropeçam nos mendigos e prostitutas. São assaltados e prometem jamais retornar.

A memória é curta ou copia os três macacos. Surda, cega e Muda. Talvez seja hora de levantar o tapete e limpar a sujeira acumulada. Definitivamente, não podemos levar a vida no compasso de um samba.

Pátria amada, mãe gentil, seus filhos estão perdendo a luta. Temem o próprio irmão, clamam por justiça e sonham com a paz.

Share




5 comentários:

pessoas encarceradas em caixas de fósforo coletivas, pessoas penduradas em ônibus, trens, metrôs etc como carnes de açougue... life is sweet...

Desabafo que milhões de brasileiros emprestariam suas gargantas para bradar.

Ressona em nosso peito alvejado de medos.

Que atitude tomar?

Promover a paz

Ou se acostumar?

Havemos de acreditar,

Em cada aperto de mão,

Em cada ombro a amparar.

Postar um comentário