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domingo, 28 de junho de 2015

DA GRAÇA E NATURALIDADE DE SE SER VEADO

Acredito que poucas pessoas saibam como o substantivo “veado” tornou-se o desagradável adjetivo que comumente é utilizado para que certa leva de pessoas se refira a homossexuais masculinos, como se estes não possuíssem um nome de batismo. Bem, é sabido que gente preconceituosa e intolerante geralmente...





sábado, 27 de junho de 2015

Colcha de Retalhos #10

Seguem alguns breves textos da coluna Colcha de Retalhos, homônima do livro que está disponível gratuitamente AQUI: INTENÇÃO Ela chegou chorando, nervosa. Ofereci meu ombro, ela aceitou. Ofereceu-me a boca, eu aceitei. Não sei se por consolo ou por vingança. LUTO Regou o túmulo por dias, até...





sexta-feira, 26 de junho de 2015

Herança

Era bonita a comoção do pai antes da última frase do diálogo: “O importante é você ser feliz”. Ele pronunciava “filiz” lenta e enfaticamente — o que deixava o momento mais carinhoso e intenso. Maria presenciou aquilo várias vezes. O homem sempre rijo, respeitado e poderoso desabava em sentimento ao lidar com as delicadezas existenciais da filha. Ao orador nato, prolixo e convincente, por vezes faltaram palavras diante dos pleitos da moça. Quando ela contou...





quinta-feira, 25 de junho de 2015

Errata

«A febre, que desagradável! Os suores. O mais penoso é a tosse.» ― Não serão febres de África, doutor? «”Santa mama preta da minha ama sudanesa”! Tuberculose! Ah, o fulgurante Manifesto! Paris. “A furiosa vassoura da loucura arrancou-nos de nós mesmos e enxotou-nos pelas ruas”. Dórdio, Amadeu,...





quarta-feira, 24 de junho de 2015

TROVA DE EDWEINE LOUREIRO _ TEMA: SAÚDE PÚBLICA

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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Só uma fase

Há meses que pelo menos duas vezes na semana Laurinha dava baile na madrugada. Em susto, levantavam mãe, pai, irmãos menores, cachorro latia na rua, cocota latia para o cachorro, luzes de toda a casa acesas. Não parava ninguém dormindo. O que foi, Laurinha? Sempre a primeira a chegar, a mãe tinha com a menina uma paciência eterna. É ele, mãe. O homem, aquele homem sem olhos, ele veio aqui de novo, mãezinha, não deixa ele me pegar, não. Não tem homem nenhum,...





domingo, 21 de junho de 2015

A Dívida

O telefone soa. Atende no terceiro toque. — Alô? — A Soraia está? — Tá na Igreja. — Que horas aquela piranha volta? — Mais respeito, dona! Quem tá falando é o marido dela. — Então o senhor diz pra esta vagabunda me pagar o que deve! Não trabalho na zona, pra ganhar dinheiro fácil! — Te deve o quê? — Noventa reais, pelas três fantasias. — Que fantasias? Minha esposa detesta carnaval, é crente! Você deve tá confundido...





quinta-feira, 18 de junho de 2015

Desfastio

PRURIDO Quando Rosa pintou o cabelo de cor-de-rosa, não podia imaginar que seguia justamente o caminho que levava à sua perdição. RED Ao sair da caixinha, a massa descobriu-se manobrada. NO BANHEIRO DA PADARIA Ao estender a mão para o rolo de papel, se deu conta de...





quarta-feira, 17 de junho de 2015

Mística - Poema de Israel Antonini

[Mística] Há necessidade nisso tudo: de se fazer ver ou tentar ver o que se vai fazer. E tentar é atribuição dos demônios! Não que se acredite em mitos, mas, se minto (ou finjo o que sinto), é por tentar trazer um traço de realidade perdido no que não se explica onde eu me imagino. Para o meu amigo Eduardo Lacerda...





terça-feira, 16 de junho de 2015

Cul-de-sac

Dói. O amor que nunca chega, nunca basta, nunca fica. Dói. O pé inchado pelas pedras ásperas de cada busca estéril. E a cabeça cheia da aguardente de substituir afetos. E o sexo sem reflexo, urgente, mínimo. Dói. A madrugada dividida com outras esfinges; a insônia cortejada pela solidão. Dói. A...





quarta-feira, 10 de junho de 2015

Estou pensando em desistir de escrever

Henry Alfred Bugalho Estou pensando em desistir de escrever. Sei que para muita gente, isto pouco importa; a maioria nem sabe que eu existo tampouco o que escrevo. Não faz diferença alguma. Aliás, poucas coisas fazem realmente diferença. Assim como muitos, pensei um dia que a era digital...





terça-feira, 9 de junho de 2015

Antípoda

Um resumo em duas palavras: ele mereceu. Mas espere, não me julgue precipitadamente. Não sou louco. Diante dos fatos, a atitude que tomei era, digamos... inevitável. Sou um homem bom, Deus sabe disso, e há de me julgar de acordo com a justiça empregada em cada ato que pratiquei....





domingo, 7 de junho de 2015

Tricot

por Ju Blasina arte de Edel Rodriguez Desfazer velhos sonhos como quem puxa a ponta solta do velho agasalho de lã enrolar metros e metros de fio, de novo e de novo até ter nas mãos um novelo olhar para ele como se fosse a primeira vez tecer com ele uma nova peça que ao menos sirva durante...





sábado, 6 de junho de 2015

EXPIAÇÃO

          Tínhamos uma vontade inexplicável de ter filhos desde cedo. Acredito que não racionalizávamos aquilo. Era a natureza nos impulsionando à reprodução, como no dito schopenhaueriano? Aquilo era vontade de viver? Teríamos sido selecionados desde...





sexta-feira, 5 de junho de 2015

lamento

o que me resta é um pedaço de céu por entre as roupas do varal no fundo da área de serviço e mesmo que o cão do vizinho não me acorde da ilusão de estar sozinho despertarei por mais um sol no piso de um falso quintal com meu amor de passarinho ...





quinta-feira, 4 de junho de 2015

A história de uma história

Este conto infantil é de Trevor Zahra, de Malta. Evidentemente, traduzi a partir da versão em inglês - de Albert Gatt, que no momento se dedica a traduzir outros contos, agora para leitores adultos. A História de uma história Era uma vez uma história que vivia em um livro. Era uma história maravilhosa, repleta de brincadeiras e risos. Mas o livro estava fechado havia muitos anos. Ninguém mais a lia e, como resultado, a história ficou muito triste. Logo...





quarta-feira, 3 de junho de 2015

CINDY

Na sala ela valsava solitariamente Com o que será que sonhava? Cindy bailava e sonhava enquanto sua valsa tocava Ela não tinha sapatos de cristal não tinha príncipe mas a melodia a embalava Cindy rodopiava e chorava Era tão bela sua valsa! Por quem será que ela ansiava? Não sabia não sabia apenas sentia o que a música ao seu coração ditava. *Inspirada na composição Valsa da Cindere...





EM PARÁBOLA

EM PARÁBOLA Voar, como o vento, engolindo distâncias, esvanescendo-se em neblina, liquefazendo-se no vazio. Voar, como num sonho. Descortinar mundos além do olhar rasteiro, de cobra esfolando o ventre no solo pedregoso. (Deserto, este.) Voar sonhando-se gigante, um ser-por-sobre. Não-mais-nunca o pequeno Zeca: homem-menino-sempre. Homenino. Ah, não!             Parcial, o voo. Um tiro de canhão...





terça-feira, 2 de junho de 2015

APROPRIAÇÃO INDÉBITA

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