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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Onde a lentidão tem vez

Com a memória cada vez mais lenta, vamos ver se consigo relembrar uma historinha que li em algum lugar. Uns pesquisadores precisavam chegar a determinado lugar da floresta. O caminho só os índios conheciam. Lá foram os índios guiar os pesquisadores. Mas os pesquisadores tinham pressa e os índios...





terça-feira, 27 de maio de 2014

Tão perto, tão longe

- Aquele copo estava meio suspeito. Eu tive um mau pressentimento, mas estávamos em uma festa, entre amigos, o que podia dar errado? Aqueles olhos ariscos fitaram-me pela primeira vez após meses - Tudo... deu tudo errado. Aquele nojento! Desgraçado... As lágrimas começaram a jorrar em abundância....





segunda-feira, 26 de maio de 2014

Palavra placenta

Encantadas Palavras não se tolhem não se castram não desgraçam Saem até mais prenhes dos terremotos dos latrocínios dos tsunamis do meu silêncio Fórceps Nem que de cesárea pré-eclampse à força bruta meu poema tem de nascer Naturalmente só o canto do pássaro e o choro da árvore carpinejar Naturalmente só o cheiro do sol e os férteis barros do manoel Lamento Nem a estéril inveja tanto a parideira Nem o cunhado deseja tanto a irmã mais bela Nem o...





domingo, 25 de maio de 2014

Os benefícios do futebol

Joaquim Bispo O futebol tem-se revelado, para mim, muito importante, culturalmente, por mais estranho que pareça. Há dias, à hora das notícias, liguei o televisor para a RTP-1, com a preocupação de saber que amplitude vão ter os novos cortes que o governo vai...





sábado, 24 de maio de 2014

PRIMAVERA

Terminada a Primavera no Japão, deixo aqui minha singela homenagem poética a essa belíssima estação do ano, que sempre nos traz a mensagem da esperança e do renascimento. PRIMAVERA (I) Março sem flor. Março sem cor... E a menina japonesa olha, com tristeza, a única cerejeira que o mar não tragou. * PRIMAVERA (II) Na flor que se abre para receber o Sol, ressurge a Esperança de um mundo melhor. * Autor: Edweine Loureiro Saitama – Japão...





sexta-feira, 23 de maio de 2014

O amanhecer em quarto estranho

Acordei e logo, percebi que meu corpo estava dolorido. Pensei que tinha apanhado. Então abri os olhos. Olhei ao redor e tentei reconhecer onde eu estava. Aquele quarto não me era familiar. Com certeza não era o meu. As estantes brancas, organizadas com livrões e enfeites e alguns bichinhos. Não era...





quinta-feira, 22 de maio de 2014

Angelinas

Para o Bruno Mariano Desde a unificação da antiga Terra, com a reorganização do território global em três faixas de dimensões milimetricamente equivalentes e configuradas como países, que questões de continuidade e ampliação populacional têm sido debatidas à exaustão nos fóruns da Organização...





terça-feira, 20 de maio de 2014

A Copa do Mundo do Zé

O magrinho Zé Tomé, pacato funcionário público federal, morava com a família numa vila do Catumbi, onde mal falava com os vizinhos de tão tímido e recatado. O comando da casa ficava por conta de sua mulher Edite, vigorosa mãe de três filhos, terror da vizinhança pela sua rabugice e rigor disciplinar, braços fortes de tanto esfregar roupa no tanque e lavar panela. Diziam que batia no marido. Os jogos da Seleção Brasileira na Copa que o Brasil sediava vinham...





segunda-feira, 19 de maio de 2014

A tripla tentativa da formiga

Era domingo ensolarado. Enquanto o mofo aflorava na parede branca, a mulher varria. Varria sem se dar por conta de suas ações, imersa no pó e cheiro sufocante que a umidade proporcionava. Carregava os cadernos, livros e folhas de cá para lá, lá para cá. Numa dessas “viagens”, encontrou uma formiga, daquelas maiores e bem escuras. Forma ovalada e patas fortes. Não pensou duas vezes, esmagou o quanto pode o pobre bicho e o soltou no chão. Continuou na...





sábado, 17 de maio de 2014

Não quero mais a poesia

                    Não quero mais a poesia, não quero mais. Eu a nego sem medo de excomunhão, sem o mínimo remorso. Mando às favas os poetas, tolos, as poetisas, vazias. Quero a prosa, a prosa responde e indica o caminho. O sol de todo dia aparece e se põe em uma linha horizontal. ...





sexta-feira, 16 de maio de 2014

A lenda do demônio-fêmea

Conta a lenda que, em épocas que repousam na neblina do passado, uma pequena comuna da região da Lombardia viu-se assolada por um mal tão voraz que homens e mulheres morriam sem tempo sequer para pedir ajuda. Um súbito revirar de olhos, um grito que ecoava nos campos e um estertor prolongado por...