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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Os autores da SAMIZDAT fazendo barulho por aí - agosto/2012

(imagem: http://maladolivro.blogspot.it/2012/08/2-ano-academia-de-letras-do-brasil-df.html) Cinthia Kriemler tomou posse, no dia 23 de agosto, de uma cadeira na Academia de Letras do Brasil - DF, tornando-se assim a primeira imortal a compor a equipe da Revista SAMIZDAT. fonte: http://maladolivro.blogspot.it/2012/08/2-ano-academia-de-letras-do-brasil-df.html Em...





Poesias ao vento

Após uma postagem com dicas e outra com prosa, seguem agora duas pequenas poesias: ------------------------------ Curiosa Durante todo o outono folheava displicente todas as ruas do bairro ------------------------------ Abafado Quando vem a brisa mesmo que se arrastando as folhinhas...





domingo, 26 de agosto de 2012

Aprendizagens

Joana ria, os dentes certinhos à mostra. Tinha descoberto muito cedo, na face menos severa do pai e nos lábios menos descaídos da mãe, que aquela alegria desorientava quem a via e levava as pessoas a serem amáveis. Portanto, Joana ria. Mesmo quando dentro de si tudo se encolhia e chorava, Joana ria; tinha aprendido muito bem a lição e nem tinha demorado muito tempo – aos quatro anos já Joana ria aquele seu riso especial. Foi por causa disso que mesmo nos tempos...





sábado, 25 de agosto de 2012

Fado de Coimbra

Joaquim Bispo Rosália tinha dezoito anos quando foi violada. Andava a apanhar lenha para casa num pinhal perto de Coimbra, quando um resineiro a agarrou. Mesmo que gritasse, de nada serviria, no ermo onde andava. Nunca contou a ninguém; guardou a mágoa para si. Fernanda, filha de Rosália, tinha vinte anos quando foi violada. Era camareira num hotel de Coimbra; o patrão encurralou-a num dos quartos do terceiro andar, ameaçando-a de morte se gritasse....





sexta-feira, 24 de agosto de 2012

MICROCONTOS TEMÁTICOS DE EDWEINE LOUREIRO – PARTE II

Olá, amigos! Dando continuidade a nossos microcontos temáticos, trago, hoje, mais três narrativas, baseadas no seguinte provérbio árabe: Lar, doce lar... que escondes todos os meus defeitos! Boa leitura! Edweine Loureiro * DESPEDIDA Sobre o caixão do cunhado, depositou as flores e as lembranças de um amor adolescente. *** O CLÃ Olhou o copo contendo o veneno, e lembrou-se, repentinamente, dos momentos com a família: o pai trazendo-lhe um presente; a mãe...





quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Andar de bicicleta

Eu queria escrever uma crônica que emocionasse as pessoas, que falasse de amor, falasse de sonhos, mas eu não sei falar de amor. Um dia escreverei sobre relacionamentos, sobre o amor, mas não será hoje. Hoje falarei sober andar de bicicleta. Eu não lembro a idade que eu tinha quando ganhei a minha primeira bicicleta, mas lembro perfeitamente dela. Era uma caloi cross azul, com uma placa branca na frente, como se fosse placa de competidor;...





segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Um homem forte

Altas horas night adentro. Átila dança no meio da pista com recém conhecida Paloma,  que levanta os braços, joga a cabeça pra lá e pra cá, seus cabelos dourados esvoaçam, formando esculturas estroboscópias que piscam ensandecidas. Paloma atraca em Átila de costas. Sobem, descem, descem, sobem, esfregam-se glúteos, dorsos e lombares. Braços tentam se encontrar em reverso, quase se tangem produzindo centelhas.  O DJ liga o turbo. Paloma gira de...





sábado, 18 de agosto de 2012

A ARTE QUE VEM DA RUA

Otávio Martins Quando entrei no Café Aquarius, juro, senti cheiro de arte no ar. Como num passe de mágica, o balcão, em forma de ferradura, recebia várias xícaras (devidamente limpas e escaldadas) para que fosse servido o maravilhoso cafezinho. Depois dessa exibição, a outra mulher, com dois bules, um em cada mão, delicadamente... Não, artisticamente, a perguntar: - Puro? Num dos bules, naturalmente, o café; no outro, água quente. Respondi: - Puro. Quase...





quinta-feira, 16 de agosto de 2012

E eu que escrevo tanto

O mundo insiste nos pequenos textos e isso me incomoda. Tenho tanto a dizer... E se ninguém me lê, me escuta, ainda assim tenho muito a dizer. Sou isso, intensa, desordenada com as palavras. E com a vida. Amo, odeio, adoro. Nunca aprendi a gostar ou desgostar com olhos baixos, traços inertes, voz de falsete. Preciso da intensidade dos verbos, da sonoridade da fala, do avolumado das linhas completadas por letras que junto ou separo como me compraz. Não...





quarta-feira, 15 de agosto de 2012

os teus meninos

Como um nó que te apertasse, ou como se estivesses a ser entaipada, as pás de cimento e pedra a acumularem-se em frente do teu rosto, e tu sabendo que era para nunca mais. O definitivo a dar-se de modo muito angustiante. Muito mais intenso e dolorido, e diga-se mesmo que mais asqueroso, do que no último sábado deste Agosto, meio dia a pique, e a urna sem caber no buraco. A mulher lá dentro e o coveiro a buscar uma picareta com que retirasse...





segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Imagem de Barro | Segundo Quarto

Conto, por Wellington Souza. Link para a Parte I - mais um quarto. Parte II - Segundo quarto. "Abdiquei do amor não pela presunção de crer que, em mim, nada falta; mas sim pela convicção um tanto zen-budista de que, como nada quero ter, nada me falta." Acordo e fico quieta, sem saber...





sábado, 11 de agosto de 2012

Finitude

      Maldita! Pelos deuses!!! da vida subtraída, esvaída Em sua surdez... Nãooo!!! Pela não louvação à vida! E o coro em uníssono lamenta "Ai de nós, sem conta, são nossos sofrimentos Despojada dos seus filhos, a natureza humana perece Zeus!...





sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O mito do bestseller brasileiro

(foto: http://www.flickr.com/photos/bcnbits/363695635/) Henry Alfred Bugalho Não ousarei generalizar e afirmar que todos os escritores sonham em se tornarem bestsellers, venderem milhões de exemplares, ficarem famosos e ricos, pois sempre existem as ovelhas negras... Mesmo assim, acredito...





quarta-feira, 8 de agosto de 2012

a liberdade possível num labirinto de paredes de vidro

às vezes você se vê num labirinto de insignificâncias está lá um meandro de paredes de vidro erguidas em silêncio cada vez que você virava as costas então você se dá conta quando tenta andar até acertar o lado para onde ir ou aprender a fazer isso tateando dá com o nariz em paredes que não vê sangra ou os dentes da frente amolecem um corte no lábio que vai ser preciso encontrar a saída  essa é a liberdade possível  mover-se é transpor...





um mal de ausências

ouvi falar de uma doença qualquer nos nervos dessas que vêm no pacote tem uns contratempos mais ortodoxos náuseas vômitos convulsões coisas assim diferente das outras, que se sente dores por possuí-las, o mal dessa é o indivíduo não sentir dor alguma por sua causa  ou melhor por causa de uma ausência da outra há efeitos ainda mais adversos e escusos não se chora com lágrimas não se cresce direito o sangue não circula como deveria e...





A Mosca no Tetraplégico

A Mosca no Tetraplégico João Vereza O Tetraplégico já havia aceitado que lhe restara apenas o livre arbítrio e a opinião. Pisque uma vez para sim, duas para não. No dia da mosca, a janela do quarto aberta. Flores ao lado da cama, as pétalas tremelicam, a brisa e sua liberdade. Vamos, o sopro murmura na pele e levanta o Tetraplégico pelo ar. Piscou uma vez para sim. A mosca preta, a mosca zombeteira, entra pelo campo de visão, asas erráticas,...





terça-feira, 7 de agosto de 2012

Coração de mãe

por Ju Blasina Por Ju Blasina Andavam pela rua, pela primeira vez, sozinhos. Era um passeio feito de improviso, motivado pela beleza do dia, pela tentativa frustrada de conseguir um taxi no retorno para casa e pela saída obrigatória a um dressas obrigações referentes à saúde dos neonatos ─ vacina,...