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domingo, 22 de junho de 2008

O BICHO PAPÃO - Giselle Sato

Rita puxou as cobertas e se encolheu na caminha apertada. A escuridão e a noite chuvosa contribuíam para que seu pavor aumentasse ainda mais. O som ritmado dos passos no corredor de tábuas era quebrado apenas pelo baque seco do salto contra a madeira. Mentalmente contava os tons altos e baixos, dez,...





sábado, 21 de junho de 2008

DOIS MOMENTOS

Marcia SzajnbokI. MORTEPor vezes me perguntoSe a falta que sintoÉ mesmo do que já não tenhoOu da parte de mimQue um dia supus eternaE agora não recuperoPor mais que tentePersiga, imagine, inventeConstato a pura perdaJá por mim viva assim não esperoFoi-se o tempoPerdeu-se sonhoTornou-se o que fuiSilenteDeclaro-me...





sexta-feira, 20 de junho de 2008

O Templo dos sorrisos

Alian Moroz Tristeza tremenda invadiu minha mente esta semana. Junto com minha esposa, percorremos o bairro num passeio diferente e saudosista. Visitar casas e bairros onde já havíamos morado, transportou nossas lembranças, já a tanto guardadas, para as retinas. Lugares de benevolente memória e românticas obras. Um desses ambientes, preferido algures por mim, era o Bar do Velho Inácio. Uma antiga construção de esquina onde eu, junto com velhos camaradas,...





quinta-feira, 19 de junho de 2008

Caiu a Sombra

A garota sorriu ao guardar o celular em seu bolso.Não havia achado algo particularmente engraçado. Não, seu sorriso era aquele de pessoas que não tem qualquer motivo para sorrir. Era um sorriso de tristeza, e de desprezo.Principalmente, era um sorriso de ódio.*O detetive encontrou o sargento próximo a porta do apartamento.- E aí, o que nós temos?- É melhor o senhor ver por si mesmo.O detetive entrou. Peritos forenses tiravam fotos, ensacavam copos usados,...





quarta-feira, 18 de junho de 2008

Brasileiros no exterior: patuscada no Carnegie Hall

Henry Alfred BugalhoO brasileiro no exterior se torna um patriota. Mesmo que tenha deixado o país por haver amargado anos de desemprego, ou por medo da violência, ou por vergonha dos políticos, basta um ano morando fora para se criar uma visão fictícia do país. Esquece-se de todas as mazelas e o Brasil...





terça-feira, 17 de junho de 2008

Hu Shi, o intelectual da reforma literária chinesa

Hu Shi (17 de dezembro de 1891 - 24 de fevereiro de 1962) foi um filósofo chinês e ensaísta. Nascido em Xangai, ele foi enviado aos EUA em 1910 para estudar agricultura na Cornell University. Em 1912, ele mudou linha de pesquisa para Filosofia e Literatura. Depois, estudou Filosofia na Columbia University....





Diário dum Louco

Lu Xuntradução: Henry Alfred Bugalho Dois irmãos, cujos nomes não preciso mencionar aqui, eram ambos bons amigos meus durante o ginásio; mas, após uma separação de vários anos, gradualmente acabamos perdendo contato.Algum tempo atrás, chegou aos meus ouvidos que um deles havia adoecido gravemente e,...





domingo, 15 de junho de 2008

Entrevista com Fernando Bonassi

Fernando Bonassi nasceu em São Paulo, em 1962. É roteirista de cinema e TV, dramaturgo, cineasta e escritor de diversas obras, entre elas Um Céu de Estrelas (Ed Siciliano) Subúrbio; Crimes Conjugais e 100 Histórias Colhidas na Rua (Scritta); O Amor é Uma Dor Feliz (Moderna); Uma Carta Para Deus e Vida da Gente (Formato) O Céu e o Fundo do Mar (Geração Editorial); 100 Coisas (Angra) ); Declaração Universal do Moleque Invocado (Cosac & Naify) e São Paulo/Brasil...





sábado, 14 de junho de 2008

Cenário

Volmar Camargo Junior- Essas casas, essas lojas, esses restaurantes... É tudo tão bonito! Parece cinema!- Senhora...- Sim?- Posso parar de fingir que sou seu marido ago...





A Beca do Morto

Henry Alfred Bugalho- Ele era um anjo!- Era um amor de criatura!- Um santo... nunca fez mal a viv'alma.- Ele era um desgraçado filho duma puta, isso sim! Em vida, ele emprestava minhas coisas e nunca devolvia. Inclusive, aquele terno que ele está usando é m...





Idéias

Sentiu a consciência pesar. Uma idéia concreta talvez?Alian Mo...





sexta-feira, 13 de junho de 2008

O País

A leoa perseguia o antílope pela savana e as garras afiadas estavam quase a apanha-lo quando, sem qualquer aviso, aconteceu. O meteoro que visto dali parecia uma estrela a cair, precipitou-se velozmente e foi embater no solo. Onde foi ao certo o impacto? Não sei. Apenas sei que foi algures muito, muito longe. Depois, depois aconteceu algo extraordinário: o céu ficou negro, de um negro bem escuro e fechado. A coisa durou dois dias, dois intermináveis dias....





Poetrix

IlusãoInício e fimErrado que te tocaRabo de minhocaÚltimo vôoDura folhaQueda esquecidaOutono de vidaTrêsO UmO DoisO que vem depoisContabilidadeCalculo que sonhesSonho não é cálculoÉ salto!IndecisãoAtenta reflexãoAlavanca que morre paradaEntre Sim e Não e N...





O autor dos passos

I Honra! Era a primeira vez que participava no concurso literário do grupo de editoras “Teya” e o seu romance “Os olhos cansados do escurecer” arrebatara logo o primeiro prémio. - A capacidade para criar uma ambientação rica e poética e mudar de repente para uma narrativa em ritmo rápido e inquietante, foi isso o que mais nos cativou – disse Carlos Reis, o célebre romancista ribatejano, presidente do júri do concurso. Tomou entre mãos o livro de capa escura...





quarta-feira, 11 de junho de 2008

A única Paz possível é a Jacimeire

Leo BorgesO que eu mais gosto no Bar do Setembrino são os axiomas do Rildo. Normalmente vêm acompanhados de bolinhos de carne – especialidade da casa – e cerveja barata, muito comum nos subúrbios. Se não vejo o Rildo em uma das mesas na calçada, cumprimento o Setembrino, jogo uma sinuca, falo um pouco sobre futebol, mando um beijo pra Jacimeire e sigo meu caminho. Mas com ele por ali, fato relativamente raro, fico para um papo mais cáustico, onde suas verdades...





terça-feira, 10 de junho de 2008

Utopia

Frederico GalhardoFlanei pelas ruas, buscando sei lá o quê.Nas vitrinas, consumo e cores.Nas calçadas, panfletos e bitucas de cigarro.Seres anônimos passaram por mim, semblantes sérios, passos apressados.Escravos das horas, servos do trabalho.Eu, um vagabundo nauseabundo os invejei,Sempre tão ocupados, sempre em cima da hora, sempre indo para algum lugar.Meu ócio me envergonhou e, num banco de praça, ocioso me envergonhei.Depois, em casa, deite-me, ronquei,...





Capítulos 1

(fonte: http://www.trashcity.com/pics/kabalah4.jpg)Henry Alfred BugalhoElijah Abramanoviecz, cumulado de anos, decidiu contar sua história, desde criança em Varsóvia, pelo gueto e humilhação do Reich, até a fuga para a América e os filhos que lá teve.Sentou-se para escrever seu livro, começando pelo...





segunda-feira, 9 de junho de 2008

Por que escrevo?

Henry Alfred BugalhoHoje em dia, a última moda é criticar a aquisição de “capital cultural”.Antes, o alvo havia sido o capital puro e simples — grana, bufunfa, prata, money. Uma legião de esquerdistas, de cunho marxista-leninista, se proliferou por países subdesenvolvidos, execrando os males do capitalismo, a exploração da mais-valia e a sociedade de classes.A falência do socialismo foi um balde de água fria para esta turma. Mas, recentemente, em vários artigos...





Três versos

Volmar Camargo JuniorHá algum tempo, desde que comecei a integrar esse grupo de escritores, auto-proclamados “oficineiros”, entrei em um irremediável processo de auto-descobrimento literário. Entre as coisas que descobri em mim mesmo foi o quanto escrever poesia é gratificante. A primeira vez que fiz um poema na vida foi para uma das atividades da oficina: uma coletânea de haicais. Para minha inteira satisfação, eu consegui escrever um haicai – que era, aliás,...