Marcia Szajnbok
I. MORTE
Por vezes me pergunto
Se a falta que sinto
É mesmo do que já não tenho
Ou da parte de mim
Que um dia supus eterna
E agora não recupero
Por mais que tente
Persiga, imagine, invente
Constato a pura perda
Já por mim viva assim não espero
Foi-se o tempo
Perdeu-se sonho
Tornou-se o que fui
Silente
Declaro-me a partir deste instante
Condenada
Ao exílio de mim
Eternamente.
II. VIDA
Tempo é trem que segue adiante
Sem paradas, estações, descansos.
Leva corpos, letras e sonhos.
Sobrepõe lembranças ,
Imagens quebradas e enganos.
Memória é ponto fugidio que escapa à reta,
Transgressão que ilude a alma.
Rompe a seqüência esperada dos impulsos,
Subverte ponteiros e areias,
Desperta espectros de sentimentos insepultos.
Saudade é ausência que deixa no íntimo
Pegadas de lugares, datas, pessoas.
Momentos de dor ou plenitude
Que alongam o tempo,
Contorcem horas, alteram mapas.
Cede às cores o vazio monocromático
De um presente solitário.
Mas o amor...
O amor não tem tempo.
O amor não tem memória.
O amor faz da saudade, alimento.
fonte da imagem:http://farm2.static.flickr.com/1363/1306468707_3fd8442f81.jpg?v=0
2 comentários:
É como um sopro muito suave. Assim sinto sua poesia.
Toca muito levemente, desperta e segue adiante.
Questiona sem impor qualquer conceito. Apenas lembra que existem e são sensações maravilhosas. Tente abrir o coração parecem dizer....Li em um dia inspirado ou é realmente assim?Viajei nos versos.
Grande, Marcia. Bravo!
Postar um comentário