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quinta-feira, 28 de abril de 2016

O REVERSO DA CRISÁLIDA

E então um dia a Natureza condoeu-se daquela fraca borboleta. De asas mutiladas por homens repletos de altruísmo, resolveu retornar ao purgatório casulo a fim de tornar-se magra, mas tolerável lagarta. Ainda hoje mastiga, autômata, seu insosso maço de folhas secas. Odiava o modo como...





quarta-feira, 27 de abril de 2016

Colcha de Retalhos #20

Após 20 meses (de setembro de 2014 até abril de 2016), com o brevíssimo texto abaixo, encerra-se a coluna Colcha de Retalhos, homônima do livro que está disponível gratuitamente AQUI: SOBRE O EGO O ego vai te levar longe E vai te deixar lá, sozinho. ...





terça-feira, 26 de abril de 2016

Miçanga

Sempre arrastei a asa e o coração pra metalinguagem. O código em movimento centrípeto — voltado às vísceras da própria linguagem, preocupado mais consigo mesmo que com o referente — é o tipo de egoísmo que me encanta. Aliciam-me fácil, fácil: romances cujos personagens são escritores, poemas que mergulham no nó górdio (ou nos “nós mágrios”) da poesia, Vinicius cantando que “pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza”, a tensão das cores...





segunda-feira, 25 de abril de 2016

O cavalo que queria ser famoso

Era uma vez um cavalo que vivia em Pádua. Servia como montada de um capitão de soldados do exército de Veneza, porque o que se vai contar passou-se há muitos anos, quando as guerras eram feitas com cavalos e espadas. Certo dia, quando o cavalo estava no tronco para ser ferrado, entrou um ladrão...





domingo, 24 de abril de 2016

SÉRIE: TROVAS PREMIADAS (VII)

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sexta-feira, 22 de abril de 2016

Monte Casca

Dois meninos, amigos de todas as tardes, após a aula observam uma cena que se repete, com algumas variações. Estão sentados na grama da beira da lagoa. Antes de a cena começar, cogitavam seguir ou não até a ponta do trapiche. Resolveram esperar e observar. Um homem nem velho nem jovem, nem gordo nem magro, nem alto nem baixo, um tanto grisalho e pálido seguidamente estaciona um carro azul, mais ou menos no mesmo horário, perto de uma formação irregular e...





quarta-feira, 20 de abril de 2016

Dona Dora

O que me trouxe aqui é uma história pra lá de inusitada, seu Júlio. Caso o senhor disponha de tempo, gostaria de narrar os acontecimentos nos mínimos detalhes para lhe inteirar de todas as circunstâncias. Espero que ao final da minha narrativa você, desculpe-me, o senhor tenha dados suficientes para poder nos ajudar, livrando-nos deste pesadelo. É difícil iniciar o relato desta estranha, e porque não dizer, desagradável experiência, mas é melhor deixar os...





A ESTRADA E O DESVIO

A estrada de quatro pistas passa embaixo dos meus pés a uns 110 km por hora. A trilha sonora da Pajero é a playlist datada de Rômulo, que se restringe a Beatles, Simon and Garfunkel, The Mamas and the Papas, Herman Hermits, Sinatra, Jobim, Chico, Caetano, Gil e alguns clássicos do jazz. Pronto. Agora entrou “Rapsody in Blue”, quando teremos ainda 17 minutos e uns quebrados de quilômetros para pensar em Nova York e sua efervescência saudosa, já que a...





segunda-feira, 18 de abril de 2016

BORA ONDEANDO

                                                                   (Renoir, Pôr do sol no mar).      ...





domingo, 17 de abril de 2016

Poemas sobre o silêncio - Mariana Botelho

afinação há que se aprender a tirar silêncio das coisas quando uma coisa produz silêncio ela está pronta lavoura nosso silêncio plantamos e enfim o colhemos maduro mas não domesticado às vezes prefiro a solidão das janelas de onde esses morros se reproduzem feito ecos de onde minha magreza ávida pende e se insinua estação tenho um outono no corpo de onde as coisas caem vejo doçura...





sábado, 16 de abril de 2016

Explodir as pontes

Ela não se exige mais a estética doentia. Não lhe assentam bem as roupas, as joias, os olhos pesados de tintas. A exceção está nos cabelos bem cortados e hidratados. Recrimina-se por ceder à tesoura e aos cremes os fios médios, uma vez por mês. É um vício. De resto, nada mais que a subordine...





sexta-feira, 15 de abril de 2016

neste 9 de Abril

avós Podemos chamá-los pelos nomes. Chamar cada um pelo seu nome de baptismo. O nome com que as mães os chamavam: Vicente, Amadeu, Tomé, Viriato. Dizer-lhes, mesmo, o apelido: Gomes, Pires, Sacramento, Baptista, Benevides. Chamar cada um desses avós que não tivemos, e ouvir outros nomes...





domingo, 10 de abril de 2016

Notas desde o terceiro escalão da Literatura

(foto: http://www.flickr.com/photos/55935853@N00/2401448261/) Não deveria, mas existe um hierarquia até no mundo do escritores. E nem estamos falando de toda a estrutura editorial, passando por donos de editoras, editores, pareceristas, revisores, distribuidores, livreiros, críticos, professores...