afinação
há que se aprender a tirar silêncio
das coisas
quando uma coisa produz silêncio
ela está
pronta
pronta
lavoura
nosso silêncio
plantamos
e enfim
o colhemos
maduro
mas não domesticado
às vezes prefiro
a solidão
das janelas
de onde esses
morros
se reproduzem feito
ecos
de onde
minha magreza ávida
pende
e se insinua
estação
tenho um outono no
corpo
de onde as
coisas
caem
vejo doçura nas roupas
espalhadas
pelo chão
a poesia esqueceu-se
numa casa de Minas
o colo da avó ainda
embala
o cheiro de manga em
dezembro
há cana cortada em
cubinhos
doce para o mel da
lembrança
lágrimas, um pouco
de sal
para o tempero da
memória
a avó não abre
mais os olhos
a poesia esqueceu-me
numa casa de Minas
casarão
no corredor o vai vem das
saias onde eu me
agarrei
no quintal o fantasma da
mangueira
no canto da sala a cadeira da minha
avó onde um dia
a dor
me esperará
em sua voz
dormiram quentes
todos os meus medos
deitou a noite
camada após
camada
sobre mim
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