O que
restou de mim
(a
essa altura da vida)
é
apenas uma obsessão por
estar
em silêncio. Não que
eu
busque nele algum sossego,
pois
não há nenhuma paz
no meu
silêncio de lenha velha.
É
apenas esse desejo de deixar
a vida
correr estando eu fora
dela,
como um agregado que perde
a
proteção e ao perdê-la sente
que
não precisava mesmo disso.
Quero
que tudo o mais ande
(pois
que tudo deve andar
pela
lógica mesma da vida).
Mas
eu, como um algo à parte
que
sou, quero parar por tédio,
essa
palavra que define tudo.
Quero ficar apenas observando
a
chuva e as reações que ela provoca
nas
pessoas. E depois sair para
desvendar
sua verdade líquida onde
estou
a derreter-me como um pequeno
bloco
de gelo que desgela, secamente.