Avôhai - poema de Maíra Dal’Maz


AVÔHAI




 meu corpo é sua réplica.

tornado um homem de ombros 

estreitos

cujo tórax não sustenta mais a própria cabeça 

de pele solta sobre o crânio 

o mesmo odisseu que segurou um pneu

de caminhão

sustentou a sede em outros currais

equilibrou o peso da arma 

o desejo da faca 

toda a carne rasgada 

com apenas um dente

afiado como as pernas desproporcionalmente longas 

os joelhos quentes

os dedos compridos 

os pelos 

a alma

as luzes

o sexo

os sinais de pele 

tudo

até o halo senil 

profundamente negro.

 

desconhecemos a história de troia 

temos pouco interesse em lamentos

os deuses tampouco nos animam.

 

arranco teu sinal com a unha

encontrei no meu braço esquerdo 

e penso que também tenho 

muito medo, vô

muito medo

da morte. 







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