Eu sou aquele
que teve que recolher
o corpo da multidão sorridente
para não ser pisoteado por
suas botas.
Eu sou aquele
que teve que lamber
as próprias feridas
para poder seguir em frente.
Eu sou aquele
que teve que enfrentar
o convívio cotidiano com a morte
por não ser adaptável às
normas.
Eu sou aquele
que teve que se libertar
da imaginação literária
para poder sobreviver.
Eu sou aquele
que teve que aturar
um sorriso sardônico
no ambiente de trabalho.
Eu sou aquele
que se escondeu do palco
bem na hora da apresentação
por não saber representar.
Eu sou aquele
que viveu pelo caminho
com a consciência embotada
em consequência das pancadas.
Eu sou aquele
que digeriu todos os sapos
na falta de melhor cardápio.
Eu sou aquele
fantasma embolorado do armário
que mesmo revestido das
melhores intenções
ainda assim foi recusado.
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